quinta-feira, 8 de março de 2012

Ex


A vida é como que feita de fotografias. Algumas vivas, coloridas, emocionantes, outras amareladas, envelhecidas, esquecidas num canto, numa gaveta, numa caixa.

A gente a vê passar bem diante dos nossos olhos e, no fim das contas, essa vida acaba se resumindo em Ex’s.

Ex-amigo, ex-colega, ex-escola, ex-namorado, ex-amor, ex-paixão, ex-motivo de tristeza, ex-marido... Tudo muda. A vida corre, o tempo passa, o mundo gira, e tudo vira ex. E a gente vai superando, vai suportando, vai esquecendo, deixando pra lá. E quando vê, já era. Já passou, já mudou, já ficou diferente.

O que antes tinha uma importância enorme, vai se tornando tão insignificante, vai virando uma poeirazinha que a gente, se não varre pra fora, deixa embaixo do tapete. E às vezes, deixa lá embaixo só pra saber que tá ali. Nem importa mais tanto assim, mas a gente não quer se desprender de uma vez.

Daí, um dia, a gente cresce, acorda, faz uma faxina. Despreza tudo aquilo que não nos faz bem, que não acrescenta, e quando vê, se livrou inclusive do tapete!

E deixa para trás, sem mágoas, sem ressentimentos. O tempo passou, e o passado tem um lugar pra ficar, e que não é no presente! E tudo vira Ex.

Me reinvento, mudo, vou deixando tudo virar ex. Ex-tudo. E se preciso, até Ex-eu.

Suênia Medeiros.

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Claudia Mei
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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