sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Canção dos homens

Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo

- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.

E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.

Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.

Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.

Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.

Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.
Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.

Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.

Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela.

Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.

Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.

Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.

E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente,

Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.

Lya Luft
quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O amor impossível é o verdadeiro amor


Outro dia escrevi um artigo sobre o amor. Depois, escrevi outro sobre sexo.

Os dois artigos mexeram com a cabeça de pessoas que encontro na rua e que me agarram, dizendo: "Mas... afinal, o que é o amor?" E esperam, de olho muito aberto, uma resposta "profunda". Sei apenas que há um amor mais comum, do dia-a-dia, que é nosso velho conhecido, um amor datado, um amor que muda com as décadas, o amor prático que rege o "eu te amo" ou "não te amo". Eu, branco, classe média, brasileiro, já vi esse amor mudar muito. Quando eu era jovem, nos anos 60/70, o amor era um desejo romântico, um sonho político, contra o sistema, amor da liberdade, a busca de um "desregramento dos sentidos". Depois, nos anos 80/90 foi ficando um amor de consumo, um amor de mercado, uma progressiva apropriação indébita do "outro". O ritmo do tempo acelerou o amor, o dinheiro contabilizou o amor, matando seu mistério impalpável. Hoje, temos controle, sabemos por que "amamos", temos medo de nos perder no amor e fracassar na produção. A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. O amor é a recusa desse desencanto. O amor quer o encantamento que os bichos têm, naturalmente.

Por isso, permitam-me hoje ser um falso "profundo" (tratar só de política me mata...) e falar de outro amor, mais metafísico, mais seminal, que transcende as décadas, as modas. Esse amor é como uma demanda da natureza ou, melhor, do nosso exílio da natureza. É um amor quase como um órgão físico que foi perdido. Como escreveu o Ferreira Gullar outro dia, num genial poema publicado sobre a cor azul, que explica indiretamente o que tento falar: o amor é algo "feito um lampejo que surgiu no mundo/ essa cor/ essa mancha/ que a mim chegou/ de detrás de dezenas de milhares de manhãs/ e noites estreladas/ como um puído aceno humano/ mancha azul que carrego comigo como carrego meus cabelos ou uma lesão oculta onde ninguém sabe".


Pois, senhores, esse amor existe dentro de nós como uma fome quase que "celular". Não nasce nem morre das "condições históricas"; é um amor que está entranhado no DNA, no fundo da matéria. É uma pulsão inevitável, quase uma "lesão oculta" dos seres expulsos da natureza. Nós somos o único bicho "de fora", estrangeiro. Os bichos têm esse amor, mas nem sabem.


(Estou sendo "filosófico", mas... tudo bem... não perguntaram?) Esse amor bate em nós como os frêmitos primordiais das células do corpo e como as fusões nucleares das galáxias; esse amor cria em nós a sensação do Ser, que só é perceptível nos breves instantes em que entramos em compasso com o universo. Nosso amor é uma reprodução ampliada da cópula entre o espermatozóide e óvulo se interpenetrando. Por obra do amor, saímos do ventre e queremos voltar, queremos uma "reintegração de posse" de nossa origem celular, indo até a dança primitiva das moléculas. Somos grandes células que querem se re-unir, separados pelo sexo, que as dividiu. ("Sexo" vem de "secare" em latim: separar, cortar.) O amor cria momentos em que temos a sensação de que a "máquina do mundo" ou a máquina da vida se explica, em que tudo parece parar num arrepio, como uma lembrança remota. Como disse Artaud, o louco, sobre a arte (ou o amor) : "A arte não é a imitação da vida. A vida é que é a imitação de algo transcendental com que a arte nos põe em contato." E a arte não é a linguagem do amor? E não falo aqui dos grandes momentos de paixão, dos grandes orgasmos, dos grande beijos - eles podem ser enganosos. Falo de brevíssimos instantes de felicidade sem motivo, de um mistério que subitamente parece revelado. Há, nesse amor, uma clara geometria entre o sentimento e a paisagem, como na poesia de Francis Ponge, quando o cabelo da amada se liga aos pinheiros da floresta ou quando o seu brilho ruivo se une com o sol entre os ramos das árvores ou entre as tranças da mulher amada e tudo parece decifrado. Mas, não se decifra nunca, como a poesia. Como disse alguém: a poesia é um desejo de retorno a uma língua primitiva. O amor também. Melhor dizendo: o amor é essa tentativa de atingir o impossível, se bem que o "impossível" é indesejado hoje em dia; só queremos o controlado, o lógico. O amor anda transgênico, geneticamente modificado, fast love.


Escrevi outro dia que "o amor vive da incompletude e esse vazio justifica a poesia da entrega. Ser impossível é sua grande beleza. Claro que o amor é também feito de egoísmos, de narcisismos mas, ainda assim, ele busca uma grandeza - mesmo no crime de amor há um terrível sonho de plenitude. Amar exige coragem e hoje somos todos covardes".


Mas, o fundo e inexplicável amor acontece quando você "cessa", por brevíssimos instantes. A possessividade cessa e, por segundos, ela fica compassiva. Deixamos o amado ser o que é e o outro é contemplado em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso desamparo.


Esperamos do amor essa sensação de eternidade. Queremos nos enganar e achar que haverá juventude para sempre, queremos que haja sentido para a vida, que o mistério da "falha" humana se revele, queremos esquecer, melhor, queremos "não-saber" que vamos morrer, como só os animais não sabem. O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Como os relâmpagos, o amor nos liga entre a Terra e o céu. Mas, como souberam os grandes poetas como Cabral e Donne, a plenitude do amor não nos faz virar "anjos", não. O amor não é da ordem do céu, do espírito. O amor é uma demanda da terra, é o profundo desejo de vivermos sem linguagem, sem fala, como os animais em sua paz absoluta. Queremos atingir esse "absoluto", que está na calma felicidade dos animais

Arnaldo Jabor
quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A idade de ser feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.
Mário Quintana
quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quem morre

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !

NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ


Martha Medeiros
terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pétala

O seu amor
Reluz
Que nem riqueza
Asa do meu destino
Clareza do tino
Pétala
De estrela caindo
Bem devagar...

Oh! meu amor!
Viver
É todo sacrifício
Feito em seu nome
Quanto mais desejo
Um beijo, um beijo seu
Muito mais eu vejo
Gosto em viver
Viver!

Por ser exato
O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim!!...

Djavan
sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Canção em campo vasto

Deixa-me amar-te com ternura,
tanto que nossas solidões se unam
e cada um falando em sua margem
possa escutar o próprio canto

Deixa-me amar-te com loucura,
ambos cavalgando mares impossíveis
em frágeis barcos e insuficientes velas
pois disso se fará a nossa voz.

Deixa-me amar-te sem receio,
pois a solidão é um campo muito vasto
que não se deve atravessar a sós.
Lya Luft
quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Prazeres pela metade

Não há nada que me deixe mais
frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar e aí ver o
garçom colocar na minha frente uma bolinha
minúscula do meu sorvete preferido! Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante,
menor a porção da sobremesa. Aí a vontade
que dá é de passar numa loja de conveniência,
comprar um litro de sorvete bem cremoso e
saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser, sem pensar em calorias,
boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que
tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias
porções, de aventuras meia-boca,
de prazeres pela metade. A gente
sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento,
mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que é difícil
(a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho
demorado, mas se contém pra não
desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos
mais novo, mas tem medo
de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar
em casa vendo um DVD, esparramada
no sofá, mas se obriga a ir malhar.

E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação
em 'acertar', tanto empenho em passar
na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero,
politicamente correta e existencialmente
sem-graça, enquanto a gente vai
ficando melancolicamente sem tesão ...

Às vezes dá vontade de fazer
tudo 'errado', deixar de lado a régua,
o compasso, a bússola, a balança
e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente
e não estar nem aí pro que dizem e
o que pensam a nosso respeito. Recusar
prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo,
uma vez se rebelou e disse uma
frase mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade,
mas não agora'...

Nós, que não aspiramos à santidade
e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar várias
bolas de sorvete, bombons de
muitos sabores, vários beijos bem
dados, a água batendo sem pressa
no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia...
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor,
me traga: duas bolas de sorvete de
chocolate, um sofá pra eu ver
10 episódios do 'Law and Order',
uma caixa de trufas bem macias
e o Richard Gere, nu, embrulhado
pra presente, OK ?
Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que
faz pra consertar o estrago.

* Leila Ferreira é uma jornalista que adora
colecionar histórias das loucuras e das manias
femininas. É autora do livro “Mulheres: Por que
Será que Elas...?”, da Editora Globo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009

Escolhas... Sempre escolhas......

Esta semana, conversando com um amigo, percebemos o quanto deixamos de lado nossos sonhos. Por vezes por causas nobres; por outras, por questões que, bem, poderiam ser postergadas em prol dos nossos objetivos.

E por que o tema? A questão é: quando haverá tempo para que possamos verdadeiramente existir - dentro ou fora da relação? Porque nos permitimos encolher, emburrecer, deixar de ser?

Isso! Estou falando do mais básico - da razão fundamental - de estarmos aqui: Existir. Ser. Acontecer...

E, se o tempo passa, com ele passa também a vida e tudo o que fazemos ou não fazemos - até mesmo a mistura que criamos quando incorporamos o que não é nosso, deixamos de estar presentes... (e isso pode ser tudo ou nada... aquele mau humor que não nos pertence, aquela tristeza que não é nossa, aquela vontade de morrer que não compartilhamos etc, etc...).

Outras esferas

E tem mais: se nos comportamos dessa maneira na relação amorosa, deixamo-nos também contaminar nas relações familiares, naquele grupo de amigos, na organização, no clube, de qualquer segmento que nos destaca do todo.

E então vamos passar a viver só! Não vamos mais participar de qualquer grupo social, profissional ou familiar???? Não! A questão, lembre-se, é: Como continuar a existir dentro ou fora da relação?

Conjunto

Somos, afinal, especiais enquanto pertencemos... E, nesse sentido, contribuímos para que o outro, a organização, o grupo como um todo tenha alma, visão, missão... Tenha um motivo de existência. Participamos da construção de diferentes sonhos e isso também nos faz melhor.

Ajudamos nossos companheiros, familiares, amigos ou empregadores a construir seus sonhos. Interferimos na construção da sua missão do significado de sua existência. Viabilizamos a visão, ou seja, tudo o que é possível. Absorvemos seus valores ou melhor, nos identificamos ou até mesmo nos associamos a estes e dessa forma, tocamos nosso dia-a-dia.

No centro dos sonhos

Às vezes mais perto, às vezes milhas e milhas distantes do nosso centro... E, se é assim com todos, por que para alguns é mais fácil manter-se no eixo, na essência, no ser? Por que alguns respondem melhor a questão acima?

Realmente, acredito que não seja fácil para ninguém manter-se no centro, em si mesmo, no sonho. Os atalhos estão aí e, sem perceber, escolhemos um ou outro ao longo da vida. E estes, com certeza, nos tiram do foco. E não só os atalhos nos distraem - nos deparamos com situações todo o tempo, com algo que gostamos muito - um jardim, uma flor, uma relação, um novo emprego etc., etc... Ou que não gostamos - um dia de chuva, um carro quebrado, um atraso, um desencontro, etc, etc...

E, como Alice no País das Maravilhas, ora tomamos uma ou outra direção - nos esquivamos, paralisamos ou vamos em frente e, sem perceber ou compreender bem, deixamos de saber para onde estamos indo. Onde de fato queremos chegar. O que queremos ser - qual era mesmo o sonho?

E, então, para aqueles todos que não sabem onde estão, para onde vão ou onde querem chegar, o problema é: não há qualquer possibilidade de reencontrar-se, a não ser com forte trabalho de autoconhecimento, meditação, autotransformação. Tudo o que nos remete para dentro, para o que conta, para o que viemos... Escolhas... Sempre escolhas!

Sandra Maia

Sandra Maia é autora dos livros: Eu Faço Tudo por Você - Histórias e relacionamentos co-dependentes e Você Está Disponível? Um caminho para o amor pleno.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Encoxada

Depois de algum tempo ausente, (pura preguiça mesmo rsrsr), recebi este texto de um amigo e resolvi voltar a ativa rsrrs. É um complemento ao post anterior rsrsr, acho que as meninas vão concordar com a autora rsrsrsrs.


Ps. este amigo é um ótimo cozinheiro mas curte as boas coisas da vida também rsrrsrs.
bjssssssssss

Doce mulher.


Encoxada



Tem coisa mais irritante que homem na cozinha?
Pois os moços passaram séculos longe do fogão e, como não poderia deixar de ser, no momento em que colocaram os pés 44 naquele território, viraram todos chefs.
Você dá o maior duro azarando o cara, finalmente, descola um convite e sai de casa crente que "quer jantar na minha casa?" significa "oba, vai rolar sexo". Toca acampainha vestida para matar e sem calcinha sob modelón vermelho, levando debaixo do braço aquele tinto francês que comprou no supermercado seguindo seu infalível critério de "rótulo bacaninha que lembra gravura art nouveau do Alphonse Mucha".
Aqui, primeira dica importante: não ouse dizer que o vinho veio do Carrefour, senão você vai ouvir uma longa preleção mais ou menos na linha "eles deixam as garrafas em pé... blablabla... vinho europeu não viaja bem... blablabla... a rolha resseca...blablabla..." (se rolar, não esqueça de abanar a cabeça concordando com ele, combinado?).
Também nem tente argumentar qualquer coisa confiando naquele curso de degustação de vinhos que você fez há quatro anos, lembra? Lembra nada. Você saía totalmente chumbada de lá todas às vezes.
Pois para sua decepção, quem irá atender a porta será uma criatura com ar grave de alquimista prestes a descobrir o segredo de Midas, reclamando da dificuldade de se encontrar uma boa pimenta jamaicana, segurando uma bugiganga Le Creuset de tirar a pele de legumes, embrulhado em um avental imenso, engomado, com monograma bordado, imaculadamente branco e, para o seu azar, sem aquela abertura atrás - e você, louca pra vê-lo cozinhando um miojo de bunda de fora, né? Confessa!!!
É compreensível, meninas. Os homens estão sofrendo de uma espécie de novo-riquismo culinário. O gourmet requintado em que ele se transformou ontem jamais passaria pela humilhação de pilotar um fogão como o seu, cujo máximo de avanço tecnológico é a lâmpada amarelada do forno. Não! Ele torrou 22 mil dólares num Ilve italiano de sete bocas, com grelha, chapa infravermelha para aquecer comida e dois fornos programáveis.
Fazer as poções mágicas em panelinhas com teflon pra lavar mais facilmente? Seria muita pobreza para quem comprou uma poissonnière de cobre com interior revestidode estanho, só para fazer peixes no vapor ("uma pechincha, 250 dólares").
Conjuntinho de facas como aquelas que você ganhou de presente da tia-avó no primeiro casamento? Jamais. No entender dele, nenhuma matéria-prima de manjar dos deuses merece menos que facas artesanais Zakharov com cabo de osso e madeira.
Duas horas e meia depois, o jantar está servido. Sabe aquele frango refogado que você faz em vinte minutos, jogando um punhado de temperos a olho? É mais ou menos isso, só que coberto por uma finíssima fatia de manga, arrematada com umas três ou quatro lascas de gengibre. Isso se não vier acompanhado daquele molho de ervas que não combina com nada e ele insiste em colocar em tudo.
E pensar que você estava rezando praquela manga virar sobremesa, escoltada por uma bolota de reles sorvetinho da Kibon... Conselho de quem não quer que você arruinedefinitivamente a noite: tem de dizer que ele tá "ali, ó" com Emmanuel Bassoleil. Não,melhor ainda: foi um prato comparável ao poulet do Paul Bocuse.
Fim do banquete, vá arregaçando as mangas para ajudar a lavar louça. Se deixar por conta dele, serão mais duas horas esfregando as três panelas de cobre, duas de pedra sabão e o processador de alimentos que sujou 17 peças pra picar salsinha,equipamentos rigorosamente necessários para cozinhar uns 250g de frango.
Hora do café, hora do relax, certo? Pelo menos agora você finalmente vai experimentar a tal griffe Illycaffè, que ele paga uma nota preta sem imaginar que oelogiadíssimo blend tem cerca de dois terços de café brasileiro. Quando a água ferve, ele grita e, de um salto, chega ao coador. Queimadura? Não! Puro horror, porque "água para café não pode ferver de jeito nenhum".
Que saudades daquele tempo em que cozinhávamos com um "ajudante" tarado"encoxando" a gente na pia...

(Autora desconhecida)
quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Jantar com o bofe

Recebi este texto de uma amiga e ri muito ao ler. Ele vem de encontro a um texto que a tempos quero escrever sobre as "dores" que nós do sexo frágil enfrentamos no dia a dia, TPM, depilação, parto, dor de amor e por ai vai, além de retratar com humor a pressão imposta pela mídia que incorporamos sem contestar. Boa leitura, espero que se divirtam tanto quanto eu.
beijusssssss Doce mulher

JANTAR COM O BOFE

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas.

O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres.

Acho importante que eles saibam O que se passa nos bastidores.

Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer.

Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar.
Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'.
Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'.
Começou o inferno na Terra.

Foi dada a largada.

Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá.

Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisseia.
Evidentemente, você também para de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda.

Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo.

Muito saudável.
Primeira coisa: fazer mãos e pés.

Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto?

Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia.

Vocês (homens) devem estar se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?'

Lei de Murphy. Sempre dá merda.

Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito!

Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon!

Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato?

Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino.

OBS: Isso me emputece.

Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde?

Na porra do pé!

Isso é coisa de... Melhor mudar de assunto...
As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc.
Eu não faço, mas conheço quem faça.
Ah sim, já ia esquecendo.

Tem a depilação.

Essa os homens não podem nem contestar.
Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar?

Lá vai você depilar perna, axila, virilha, sobrancelha etc, etc.

Tem mulher que depila até o cu!

Mulher sofre!

E lá se vai mais uma hora do seu dia.

E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Dia seguinte.

É hoje seu grande dia.

Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão.

Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar).
Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente.

Surge aquele dilema da roupa.

Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos.

Se te serve de consolo, ele não vai perceber.
Alias, ele não vai perceber nada.

Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz.

Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê).

Mas, é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'.

Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem.
Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho.

Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem.

Nessa etapa eu perco muito tempo.

Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel.
Depois vem a hora de se vestir.

Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda.

É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte...PORCA!

Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece.

Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica um cu.

Se for um desses dias em que seu corpo está um cu e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'.
O chato é ter que refazer a maquiagem.

E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você?

Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo.

Se espirrar a calça perfura o pâncreas.
Ok, você achou uma roupa que ficou boa.

Vem o dilema da lingerie.

Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável.
Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo.
Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa 'Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foooda'. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar 'E se mesmo sem dar para ele,ele pode acabar vendo a minha calcinha...
Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda.

Melhor prevenir.
Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável.
Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável.

FATO: Lei de Murphy impera.

Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto.

Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino.

Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar!

Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção.

Uma vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!.

Porque eu não dei o sapato?
Porra... me custou muito caro.

Posso não usá-lo, mas quero tê-lo.

Eu sei, eu sei, materialista do cacete.

Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito coco para ver se evoluo espiritualmente!

Mas por hora,o sapato fica.
Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele?

É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...'começa a bater a ansiedade.

Cada uma lida de um jeito.
Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir.

Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação.

Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.
Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro?

'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'.
Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muito grave!

Eu fico puta, puta, PUTA da vida!
Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada.
Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até
porque, a essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, GRAVE! DO TIPO...MORRER A MÃE OU O PAI TER UM AVC NO TRANSITO.
Supondo que ele venha.

Ele liga e diz que está chegando.

Você passa perfume, escova os dentes e vai.

Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata 'MMM... tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra').

Ele nem sequer olha para a sua roupa.

Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural.

Eu não ligo, acho homem que repara muito meio viado, mas isso frustra algumas mulheres.

E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver.

Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro) para nada.
Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4?

Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão.

No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do pé, em função do sapato de bico fino.

Quando ele conta piadas e ri eu penso

'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'.

A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética.

Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve.

Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.
Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.

Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO.

Pois é, tudo isso custa caro.

Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:

Roupa............... ......... ........R$ 200,00

Lingerie.... ......... ......... ......R$ 80,00

Maquiagem... ......... ......... ..R$ 50,00

Sapato...... ......... ......... ......R$ 150,00

Depilação..... ......... ......... ...R$ 50,00

Mão e pé........... ......... ........R$ 15,00

Perfume..... ......... ......... .....R$ 80,00

Pílula anticoncepcional. .........R$ 20,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$ 500 para sair com um Zé Ruela.

Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL?

A gente gasta muito mais para sair com eles do que eles com a gente!




'Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas.'

(Vinicius de Moraes)
domingo, 30 de agosto de 2009

O amor que a vida traz

Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.

O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um objetivo na vida. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da Playboy. Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.

E agora está você aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada um amor idealizado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego. Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia solicitado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que não lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!

Aquele amor corretinho por você tão sonhado vai parar na porta de alguém que despreza amores corretos, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Agradeça e aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.
Martha Medeiros
domingo, 23 de agosto de 2009

Amai-vos


Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro, mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração, mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da vida pode conter vosso coração.

E vivei juntos, mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.

Kahlil Gibran
sábado, 8 de agosto de 2009

Tocando em frente

Ando devagar por que já tive pressa
E levo esse sorriso por que já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Nada sei.
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou.
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
Almir Satter
sexta-feira, 31 de julho de 2009

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor
segunda-feira, 27 de julho de 2009

O passarinho engaiolado


Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho.De sua vida o mínimo que se poderia dizer era que era segura e tranquila, como seguras e tranquilas são as vidas das pessoas bem casadas e dos funcionários públicos.

Era monótona, é verdade. Mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança. Não há muito o que fazer dentro dos limites de uma gaiola, seja ela feita com arames de ferro ou de deveres.

Os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaços para baterem suas asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode. Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Bem se lembrava do dia em que, enganado pelo alpiste, entrou no alçapão. Alçapões são assim; tem sempre uma coisa apetitosa dentro. Do alçapão para a gaiola, o caminho foi curto, através da Ponte dos Suspiros.

Há aquele famoso poema do Guerra Junqueiro, sobre o melro, o pássaro das risadas de cristal. O velho cura, rancoroso, encontrara seu ninho e prendera seus filhotes na gaiola.

A mãe, desesperada com o destino dos filhos, e incapaz de abrir a portinha de ferro, traz no bico um galho de veneno. Meus filhos, a existência é boa só quando é livre.A liberdade é a lei. Prende-se a asa, mas a alma voa... Ó filhos, voemos pelo azul...! Comei...!

É certo que a mãe do passarinho nunca lera o poeta, pois o que ela disse ao filho, foi: Finalmente minhas orações foram respondidas. Você está seguro, pelo resto de sua vida. Nada há a temer. Não é preciso se preocupar. Acostuma-se.Cante bonito. Agora posso morrer em paz.

Do seu pequeno espaço ele olhava os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando mamões adentro; os beija-flores com seu mágico bater de asas; os urubus nos seus vôos tranquilos da fundura do céu; as rolinhas arrulhando, fazendo amor. As pombas voando como flexas.

Ah! Os prudentes conselhos maternos não o tranquilizavam. Ele queria ser como os outros pássaros, livres...Ah! se aquela maldita porta se abrisse.

Pois não é que, para surpresa sua, um dia o seu dono a esqueceu aberta? Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Saiu. Voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo. Puxa! Como era alto. Sentiu um pouco de tontura. Estava acostumado com o chão da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair.

Agachou-se no galho, para Ter mais firmeza. Viu uma outra árvore mais adiante. Teve vontade de ir até la. Perguntou-se se suas asas aguentariam. Elas não estavam acostumadas. O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se mais firmemente ainda.

Neste momento um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.

Ei, você! era uma passarinha. Vamos voar juntos até o quintal do vizinho. Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Apenas é preciso prestar atenção no gato, que anda por lá...

Só o nome gato lhe deu arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome.

Chegou o fim da tarde e, com ele a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele.

Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Tremeu de medo. Nunca imaginaria que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem. Ele não tinha. Teve saudade da gaiola. Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta.

Neste momento chegou o dono. Vendo a porta aberta, disse: Passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar.

Rubem Alves

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domingo, 26 de julho de 2009

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
quarta-feira, 22 de julho de 2009

A lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
Oswaldo Montenegro
segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigos são músicas

"Você já percebeu?
Eles entram na vida da gente e deixam sinais.
Como a sonoridade do vento ao final da tarde.
Como os ataques de guitarras e metais
Presentes em cada clarão da manhã.
Olhe a pessoa que está do seu lado
E você vai descobrir , olhando fundo,
Que há uma melodia brilhando no disco do olhar.
Procure escutar...
Amigos foram compostos para serem ouvidos, sentidos, compreendidos
E interpretados. Para tocarem nossas vidas
Com a mesma força do instante em que foram criadas,
Para tocarem suas próprias vidas,
E de poderem alçar todos os vôos,
De poderem vibrar com todas as notas,
De poderem cumprir, afinal,
Todos os sentidos que a elas foi dado pelo Compositor.
Amigos são como você, com quem tenho o prazer de conviver.
Amigos são músicas, como você que tenho o prazer de ouvir.
Amigos tem que fazer o sucesso que lhes desejamos.
Mesmo que não estejam nas paradas.
Mesmo que não toquem no rádio,
Apenas no coração ! "
Anonimo.
Beijos a todos vocês que tocam sempre no meu coração.
Doce Mulher
terça-feira, 14 de julho de 2009

A alegria na tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.
Martha Medeiros
domingo, 12 de julho de 2009

Também adoro voar...

Gosto dos venenos mais lentos,
das bebidas mais amargas,
das drogas mais poderosas,
das idéias mais insanas,
dos pensamentos mais complexos,
dos sentimentos mais fortes…
tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas,
por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim,
por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual,
por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma,
mas com certeza não serei a mesma pra sempre.
Clarice Lispector
quinta-feira, 9 de julho de 2009

Homens fazem sexo, mulheres fazem amor...

"Homens fazem sexo, mulheres fazem amor."
Ouvimos isso o tempo todo em todo lugar e nunca paramos para pensar em quem foi que disse isso ou se é verdade mesmo, apenas acreditamos e seguimos essa máxima.
Bem, se realmente é assim, nada mudou, ainda existem moças para casar e moças para se divertir. E depois do casamento todos os desejos se aplacam e a diversão acaba, afinal moças direitas não fazem certas coisas, não que não sintam prazer, afinal gozar está na moda, mas fazer amor é sublime, divino, romântico, (sejamos sinceros, depois de algum tempo, chato).
Esta frase está tão incutida em nossas mentes que até os homens passaram a acreditar nisso e quando sentem tesão por uma mulher, sem interesses casamenteiros, criam toda uma situação, fazem juras de amor eterno, pra conseguir o que querem. Isto não significa que seja um canalha completo e sim que esta mulher quis e permitiu ser enganada, assim tem uma desculpa para realizar seu desejo sem deixar de ser a moça para casar.
Acredito que isso é fruto, na maioria das vezes, de não nos permitirmos assumir francamente nossos desejos e fantasias. Por mais que se fale abertamente sobre sexo nossa sexualidade ainda fica escondida como algo sujo ou proibido.
Qual o problema em duas pessoas, adultas, assumirem que se desejam e serem honestas consigo mesmas e com o outro?
Creio que muitas desilusões e sofrimentos seriam evitados desta maneira, afinal sexo faz parte da vida e vamos combinar sexo é bom demais seja por puro tesão ou com a pessoa amada.
Doce Mulher
terça-feira, 7 de julho de 2009

O poder de nossas escolhas

Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer.
O que de pior pode nos acontecer é NADA.
Uma vida fácil nada nos ensina.
No fim, é o que aprendemos o que importa:
o que aprendemos e como nos desenvolvemos.
Traçamos nossas vidas pelo poder de nossas escolhas.
Quando nossas escolhas são feitas passivamente,
quando não somos nós mesmos que traçamos nossas vidas, nos sentimos frustrados.
Uma pequena mudança hoje pode acarretar-nos um amanhã profundamente diferente.
São grandes as recompensas para aqueles que têm a coragem de mudar, mas essas recompensas acham-se ocultas pelo tempo.
Geramos nossos próprios meios.
Obtemos exatamente aquilo pelo que lutamos.
Somos responsáveis pela vida que nó próprios criamos.
Quem terá a culpa, a quem cabe o louvor, senão a nós mesmos?
Quem pode mudar nossas vidas, a qualquer tempo, senão nós mesmos?
Deus sabe que isto é verdade
Richard Bach
domingo, 5 de julho de 2009

Mudanças

HOJE EU VOU MUDAR
VASCULHAR MINHAS GAVETAS
JOGAR FORA SENTIMENTOS
E RESSENTIMENTOS TOLOS
FAZER LIMPEZA NO ARMÁRIO
RETIRAR TRAÇAS E TEIAS
E ANGUSTIAS DA MINHA MENTE
PARAR DE SOFRER
POR COISAS TÃO PEQUENINAS
DEIXAR DE SER MENINA...PRA SER MULHER
HOJE EU VOU MUDAR
POR NA BALANÇA A CORAGEM
ME ENTREGAR NO QUE ACREDITO
PRA SER O QUE SOU SEM MEDO
DANÇAR E CANTAR POR HABITO
E NÃO TER CANTOS ESCUROS
PRA GUARDAR OS MEUS SEGREDOS
PARAR DE DIZER"NÃO TENHO TEMPO PRA VIDA"
QUE GRITA DENTRO DE MIM...ME LIBERTAR

HOJE EU VOU MUDAR
SAIR DE DENTRO DE MIM
NÃO USAR SOMENTE O CORAÇÃO
PARAR DE CONTAR OS FRACASSOS
SOLTAR OS LAÇOS
E PRENDER AS AMARRAS DA RAZÃO
VOAR LIVRE
COM TODOS OS MEUS DEFEITOS
PRA QUE EU POSSA LIBERTAR OS MEUS DIREITOS
E NÃO COBRAR DESSA VIDA
NEM RUMOS E NEM DECISÕES
HOJE EU PRECISO E VOU MUDAR
DIVIDIR NO TEMPO E SOMAR NO VENTO
TODAS AS COISAS QUE UM DIA
SONHEI CONQUISTAR
PORQUE SOU MULHER COMO QUALQUER UMA
COM DÚVIDAS E SOLUÇÕES
COM ERROS E ACERTOS
AMORES E DESAMORES
SUAVE COMO A GAIVOTA
E FERINA COMO A LEOA
TRANQUILA E PACIFICADORA
MAS AO MESMO TEMPO
IRREVERENTE E REVOLUCIONÁRIA
FELIZ E INFELIZ
REALISTA E SONHADORA
SUBMISSA POR CONDIÇÃO
MAS INDEPENDENTE POR OPINIÃO
PORQUE SOU MULHER
COM TODAS AS INCOERÊNCIAS
QUE FAZEM DE NÓS...O FORTE SEXO FRACO.
Vanusa
sexta-feira, 3 de julho de 2009

Era uma vez....

Era uma vez uma princesa encantada que vivia sonhando com um lindo príncipe encantado que chegaria montado em seu cavalo branco para salva-la do monstro da solidão.

Ela tinha certeza que quando o encontrasse o reconheceria e ele a ela e que num passe de mágica seriam felizes para sempre.
Dentro deste sonho de amor e felicidade eterna não passou pela cabeça dela que talvez o príncipe nem soubesse que era príncipe, ou que ele não estivesse preparado para lidar com uma princesa mimada, cheia de vontades e por isso preferisse viver caçando com os amigos a fazer companhia para sua solidão.

Ou que o príncipe poderia ser um tremendo pão duro e sobrasse todas as janelas do castelo para ela lavar.

Nada pode atrapalhar nossos sonhos de amor até que a realidade entre em cena.

Falar sobre desilusões, de porque as relações acabam é chover no molhado.Todo mundo já passou por isso, muito já se escreveu sobre isso. Mas e depois? O que fazer quando descobrimos que não somos quem acreditávamos, que o feliz para sempre precisa ser repensado e existir apesar de tudo?
Quando passei por isso, mais difícil do que a ausência do outro foi desembaralhar minha vida da dele, saber até onde o que eu fazia e gostava era por mim mesma ou para agrada-lo, afinal aprendi que amar é transformar duas pessoas em uma. Não sabia mais quem era aquela pessoa que entrou no conto de fadas menina e saia dele adulta.

Me senti como a Bela Adormecida deve ter se sentido ao acordar cem anos depois com a diferença de que não acordei com um beijo de amor e sim com uma estranha no espelho com filhos para criar, contas para pagar e o mais assustador de tudo responsável pelo meu feliz para sempre
Entender que a felicidade pessoal é de nossa responsabilidade não é algo fácil, embora simples, pois aprendemos a cuidar do outro, a nos adequarmos para fazer o outro feliz em detrimento de nós mesmos.

Aprender a ser responsável pela própria felicidade é o que faz com que encontremos novas facetas de nós mesmos, novas emoções, novas maneiras e possibilidades de amar.

Como diz o "rei" "É preciso saber viver"


Doce Mulher
quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sobre lagartas e Borboletas

Nada como alguns dias lagarteando, não por vontade própria e sim por estas voltas que a vida dá, para refletir sobre algumas coisas que a correria do dia a dia não nos deixa ver.
E foi entre lamentações pelo ócio forçado, (cento e vinte dias por conta de uma fratura na perna), revolta contra a programação da t.v. e bate papo com amigos que me ajudam a espantar o tédio que surgiu a idéia deste blog.
Aqui quero registrar um pouco do que penso, dos meus conflitos, alegrias, perdas, ganhos e fantasias que não diferem muito do que acontece com pessoas que estão em constante transformação.
Escolhi para começar um texto de Lya Luft que tem tudo a ver com o que penso sobre a vida e como podemos escolher sermos eternamente lagartas ou sair do casulo e sermos livres como borboletas.
Doce Mulher

PENSAR É TRANSGREDIR

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.Sem ter programado, a gente pára pra pensar.Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
Lya Luft

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É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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