sexta-feira, 31 de julho de 2009

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor
segunda-feira, 27 de julho de 2009

O passarinho engaiolado


Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho.De sua vida o mínimo que se poderia dizer era que era segura e tranquila, como seguras e tranquilas são as vidas das pessoas bem casadas e dos funcionários públicos.

Era monótona, é verdade. Mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança. Não há muito o que fazer dentro dos limites de uma gaiola, seja ela feita com arames de ferro ou de deveres.

Os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaços para baterem suas asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode. Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Bem se lembrava do dia em que, enganado pelo alpiste, entrou no alçapão. Alçapões são assim; tem sempre uma coisa apetitosa dentro. Do alçapão para a gaiola, o caminho foi curto, através da Ponte dos Suspiros.

Há aquele famoso poema do Guerra Junqueiro, sobre o melro, o pássaro das risadas de cristal. O velho cura, rancoroso, encontrara seu ninho e prendera seus filhotes na gaiola.

A mãe, desesperada com o destino dos filhos, e incapaz de abrir a portinha de ferro, traz no bico um galho de veneno. Meus filhos, a existência é boa só quando é livre.A liberdade é a lei. Prende-se a asa, mas a alma voa... Ó filhos, voemos pelo azul...! Comei...!

É certo que a mãe do passarinho nunca lera o poeta, pois o que ela disse ao filho, foi: Finalmente minhas orações foram respondidas. Você está seguro, pelo resto de sua vida. Nada há a temer. Não é preciso se preocupar. Acostuma-se.Cante bonito. Agora posso morrer em paz.

Do seu pequeno espaço ele olhava os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando mamões adentro; os beija-flores com seu mágico bater de asas; os urubus nos seus vôos tranquilos da fundura do céu; as rolinhas arrulhando, fazendo amor. As pombas voando como flexas.

Ah! Os prudentes conselhos maternos não o tranquilizavam. Ele queria ser como os outros pássaros, livres...Ah! se aquela maldita porta se abrisse.

Pois não é que, para surpresa sua, um dia o seu dono a esqueceu aberta? Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Saiu. Voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo. Puxa! Como era alto. Sentiu um pouco de tontura. Estava acostumado com o chão da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair.

Agachou-se no galho, para Ter mais firmeza. Viu uma outra árvore mais adiante. Teve vontade de ir até la. Perguntou-se se suas asas aguentariam. Elas não estavam acostumadas. O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se mais firmemente ainda.

Neste momento um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.

Ei, você! era uma passarinha. Vamos voar juntos até o quintal do vizinho. Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Apenas é preciso prestar atenção no gato, que anda por lá...

Só o nome gato lhe deu arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome.

Chegou o fim da tarde e, com ele a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele.

Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Tremeu de medo. Nunca imaginaria que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem. Ele não tinha. Teve saudade da gaiola. Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta.

Neste momento chegou o dono. Vendo a porta aberta, disse: Passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar.

Rubem Alves

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domingo, 26 de julho de 2009

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
quarta-feira, 22 de julho de 2009

A lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
Oswaldo Montenegro
segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigos são músicas

"Você já percebeu?
Eles entram na vida da gente e deixam sinais.
Como a sonoridade do vento ao final da tarde.
Como os ataques de guitarras e metais
Presentes em cada clarão da manhã.
Olhe a pessoa que está do seu lado
E você vai descobrir , olhando fundo,
Que há uma melodia brilhando no disco do olhar.
Procure escutar...
Amigos foram compostos para serem ouvidos, sentidos, compreendidos
E interpretados. Para tocarem nossas vidas
Com a mesma força do instante em que foram criadas,
Para tocarem suas próprias vidas,
E de poderem alçar todos os vôos,
De poderem vibrar com todas as notas,
De poderem cumprir, afinal,
Todos os sentidos que a elas foi dado pelo Compositor.
Amigos são como você, com quem tenho o prazer de conviver.
Amigos são músicas, como você que tenho o prazer de ouvir.
Amigos tem que fazer o sucesso que lhes desejamos.
Mesmo que não estejam nas paradas.
Mesmo que não toquem no rádio,
Apenas no coração ! "
Anonimo.
Beijos a todos vocês que tocam sempre no meu coração.
Doce Mulher
terça-feira, 14 de julho de 2009

A alegria na tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.
Martha Medeiros
domingo, 12 de julho de 2009

Também adoro voar...

Gosto dos venenos mais lentos,
das bebidas mais amargas,
das drogas mais poderosas,
das idéias mais insanas,
dos pensamentos mais complexos,
dos sentimentos mais fortes…
tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas,
por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim,
por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual,
por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma,
mas com certeza não serei a mesma pra sempre.
Clarice Lispector
quinta-feira, 9 de julho de 2009

Homens fazem sexo, mulheres fazem amor...

"Homens fazem sexo, mulheres fazem amor."
Ouvimos isso o tempo todo em todo lugar e nunca paramos para pensar em quem foi que disse isso ou se é verdade mesmo, apenas acreditamos e seguimos essa máxima.
Bem, se realmente é assim, nada mudou, ainda existem moças para casar e moças para se divertir. E depois do casamento todos os desejos se aplacam e a diversão acaba, afinal moças direitas não fazem certas coisas, não que não sintam prazer, afinal gozar está na moda, mas fazer amor é sublime, divino, romântico, (sejamos sinceros, depois de algum tempo, chato).
Esta frase está tão incutida em nossas mentes que até os homens passaram a acreditar nisso e quando sentem tesão por uma mulher, sem interesses casamenteiros, criam toda uma situação, fazem juras de amor eterno, pra conseguir o que querem. Isto não significa que seja um canalha completo e sim que esta mulher quis e permitiu ser enganada, assim tem uma desculpa para realizar seu desejo sem deixar de ser a moça para casar.
Acredito que isso é fruto, na maioria das vezes, de não nos permitirmos assumir francamente nossos desejos e fantasias. Por mais que se fale abertamente sobre sexo nossa sexualidade ainda fica escondida como algo sujo ou proibido.
Qual o problema em duas pessoas, adultas, assumirem que se desejam e serem honestas consigo mesmas e com o outro?
Creio que muitas desilusões e sofrimentos seriam evitados desta maneira, afinal sexo faz parte da vida e vamos combinar sexo é bom demais seja por puro tesão ou com a pessoa amada.
Doce Mulher
terça-feira, 7 de julho de 2009

O poder de nossas escolhas

Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer.
O que de pior pode nos acontecer é NADA.
Uma vida fácil nada nos ensina.
No fim, é o que aprendemos o que importa:
o que aprendemos e como nos desenvolvemos.
Traçamos nossas vidas pelo poder de nossas escolhas.
Quando nossas escolhas são feitas passivamente,
quando não somos nós mesmos que traçamos nossas vidas, nos sentimos frustrados.
Uma pequena mudança hoje pode acarretar-nos um amanhã profundamente diferente.
São grandes as recompensas para aqueles que têm a coragem de mudar, mas essas recompensas acham-se ocultas pelo tempo.
Geramos nossos próprios meios.
Obtemos exatamente aquilo pelo que lutamos.
Somos responsáveis pela vida que nó próprios criamos.
Quem terá a culpa, a quem cabe o louvor, senão a nós mesmos?
Quem pode mudar nossas vidas, a qualquer tempo, senão nós mesmos?
Deus sabe que isto é verdade
Richard Bach
domingo, 5 de julho de 2009

Mudanças

HOJE EU VOU MUDAR
VASCULHAR MINHAS GAVETAS
JOGAR FORA SENTIMENTOS
E RESSENTIMENTOS TOLOS
FAZER LIMPEZA NO ARMÁRIO
RETIRAR TRAÇAS E TEIAS
E ANGUSTIAS DA MINHA MENTE
PARAR DE SOFRER
POR COISAS TÃO PEQUENINAS
DEIXAR DE SER MENINA...PRA SER MULHER
HOJE EU VOU MUDAR
POR NA BALANÇA A CORAGEM
ME ENTREGAR NO QUE ACREDITO
PRA SER O QUE SOU SEM MEDO
DANÇAR E CANTAR POR HABITO
E NÃO TER CANTOS ESCUROS
PRA GUARDAR OS MEUS SEGREDOS
PARAR DE DIZER"NÃO TENHO TEMPO PRA VIDA"
QUE GRITA DENTRO DE MIM...ME LIBERTAR

HOJE EU VOU MUDAR
SAIR DE DENTRO DE MIM
NÃO USAR SOMENTE O CORAÇÃO
PARAR DE CONTAR OS FRACASSOS
SOLTAR OS LAÇOS
E PRENDER AS AMARRAS DA RAZÃO
VOAR LIVRE
COM TODOS OS MEUS DEFEITOS
PRA QUE EU POSSA LIBERTAR OS MEUS DIREITOS
E NÃO COBRAR DESSA VIDA
NEM RUMOS E NEM DECISÕES
HOJE EU PRECISO E VOU MUDAR
DIVIDIR NO TEMPO E SOMAR NO VENTO
TODAS AS COISAS QUE UM DIA
SONHEI CONQUISTAR
PORQUE SOU MULHER COMO QUALQUER UMA
COM DÚVIDAS E SOLUÇÕES
COM ERROS E ACERTOS
AMORES E DESAMORES
SUAVE COMO A GAIVOTA
E FERINA COMO A LEOA
TRANQUILA E PACIFICADORA
MAS AO MESMO TEMPO
IRREVERENTE E REVOLUCIONÁRIA
FELIZ E INFELIZ
REALISTA E SONHADORA
SUBMISSA POR CONDIÇÃO
MAS INDEPENDENTE POR OPINIÃO
PORQUE SOU MULHER
COM TODAS AS INCOERÊNCIAS
QUE FAZEM DE NÓS...O FORTE SEXO FRACO.
Vanusa
sexta-feira, 3 de julho de 2009

Era uma vez....

Era uma vez uma princesa encantada que vivia sonhando com um lindo príncipe encantado que chegaria montado em seu cavalo branco para salva-la do monstro da solidão.

Ela tinha certeza que quando o encontrasse o reconheceria e ele a ela e que num passe de mágica seriam felizes para sempre.
Dentro deste sonho de amor e felicidade eterna não passou pela cabeça dela que talvez o príncipe nem soubesse que era príncipe, ou que ele não estivesse preparado para lidar com uma princesa mimada, cheia de vontades e por isso preferisse viver caçando com os amigos a fazer companhia para sua solidão.

Ou que o príncipe poderia ser um tremendo pão duro e sobrasse todas as janelas do castelo para ela lavar.

Nada pode atrapalhar nossos sonhos de amor até que a realidade entre em cena.

Falar sobre desilusões, de porque as relações acabam é chover no molhado.Todo mundo já passou por isso, muito já se escreveu sobre isso. Mas e depois? O que fazer quando descobrimos que não somos quem acreditávamos, que o feliz para sempre precisa ser repensado e existir apesar de tudo?
Quando passei por isso, mais difícil do que a ausência do outro foi desembaralhar minha vida da dele, saber até onde o que eu fazia e gostava era por mim mesma ou para agrada-lo, afinal aprendi que amar é transformar duas pessoas em uma. Não sabia mais quem era aquela pessoa que entrou no conto de fadas menina e saia dele adulta.

Me senti como a Bela Adormecida deve ter se sentido ao acordar cem anos depois com a diferença de que não acordei com um beijo de amor e sim com uma estranha no espelho com filhos para criar, contas para pagar e o mais assustador de tudo responsável pelo meu feliz para sempre
Entender que a felicidade pessoal é de nossa responsabilidade não é algo fácil, embora simples, pois aprendemos a cuidar do outro, a nos adequarmos para fazer o outro feliz em detrimento de nós mesmos.

Aprender a ser responsável pela própria felicidade é o que faz com que encontremos novas facetas de nós mesmos, novas emoções, novas maneiras e possibilidades de amar.

Como diz o "rei" "É preciso saber viver"


Doce Mulher
quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sobre lagartas e Borboletas

Nada como alguns dias lagarteando, não por vontade própria e sim por estas voltas que a vida dá, para refletir sobre algumas coisas que a correria do dia a dia não nos deixa ver.
E foi entre lamentações pelo ócio forçado, (cento e vinte dias por conta de uma fratura na perna), revolta contra a programação da t.v. e bate papo com amigos que me ajudam a espantar o tédio que surgiu a idéia deste blog.
Aqui quero registrar um pouco do que penso, dos meus conflitos, alegrias, perdas, ganhos e fantasias que não diferem muito do que acontece com pessoas que estão em constante transformação.
Escolhi para começar um texto de Lya Luft que tem tudo a ver com o que penso sobre a vida e como podemos escolher sermos eternamente lagartas ou sair do casulo e sermos livres como borboletas.
Doce Mulher

PENSAR É TRANSGREDIR

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.Sem ter programado, a gente pára pra pensar.Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
Lya Luft

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É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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