terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Esticar


Todos nós chegamos em pontos em nossos dias que não entendemos. Pode ser um desafio no relacionamento, uma questão de saúde, a direção que temos que tomar em nossa carreira, algum trecho de estudo difícil, uma grande decisão de negócio. Todos nós temos estes momentos de “não-saber”.

A maneira de ver com clareza é … esticar! Não fisicamente (apesar que esticar fisicamente faz maravilhas), mas para realmente fazer algo que está fora de sua zona de conforto, fora da norma. Quando elevamos acima do curso normal das coisas, a Luz responde.

De repente entendemos o que estamos lendo, de repente sabemos para qual médico ir, de repente sabemos qual crença limitante vem sabotando nosso relacionamento. Estes momentos de epifania não derivam do cérebro, eles vêm da Luz.

Hoje, vá acima de sua natureza. Realmente estique sua tolerância ou paciência ou compaixão ou crença em si mesmo. Faça algo que irá construir o receptor para que qualquer coisa que está além de você possa entrar.

Yehuda Berg, escritor cabalista.

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O alívio do fim das férias


Um slogan muito divertido, da Continental Airlines, se não me engano, afirma de forma acertada que ninguém diz “Ah, eu tiro férias demais”. De fato, sempre achamos que poderíamos ter mais férias, trabalhar menos, “viver mais”.

O que eu percebo em todas as vezes que tiro férias é que “vida” e “férias” não são palavras que facilmente se associem. Isso porque as férias são uma exceção, uma pausa; são os parênteses da vida real. (E os parênteses, como estes aqui, interrompem o fluxo natural do texto. Eles fazem parte do que se está dizendo, mas ficam meio de lado. São importantes para o todo, mas dispensáveis para a leitura corrente). A vida para valer ocorre mesmo é na rotina. Na repetição cotidiana das mesmas atividades, nos mesmos horários, com as mesmas pessoas, pelos mesmos caminhos. E embora nós adoremos reclamar disso, a verdade é que se não fosse a rotina nós viveríamos extenuados.

Quando estamos inseridos na rotina, fazendo coisas que estamos mais do que acostumados, gastamos muito menos energia. É como quando se aprende a dirigir, tocar um instrumento ou até amarrar os sapatos: no início temos que prestar muita atenção, o córtex cerebral nos leva a atentar a cada detalhe, gastando um bocado de energia. Quando a tarefa se torna automática passa a ser tocada por regiões mais profundas do cérebro, sem exigir tanto esforço e poupando esforço mental. É por isso que aprender cansa mais do que praticar.

E é por isso que as férias também cansam: sobretudo em viagens, a ausência de rotina faz com que tenhamos que decidir a cada dia, a cada hora, o que fazer, para onde ir, onde comer, tendo que descobrir novos caminhos e tomar novas decisões constantemente. É o que faz do viajar uma experiência tão rica, mas não se pode negar que cansa. O fim das férias, então, trazendo de volta a rotina, paradoxalmente acaba sendo um descanso.

E para não se entediar no dia-a-dia, lembro da receita do filme “O feitiço do tempo” (“O dia da marmota”, no título original). O protagonista fica preso no tempo, condenado a reviver um mesmo dia numa repetição ad infinitum. Ele entra em desespero tentando de todas as formas quebrar a maldição, mas é só quando começa a usar a previsibilidade de sua condição em favor de uma vida melhor, aprendendo piano, ajudando as pessoas e conquistando um verdadeiro amor, que ele se liberta. E não é o mesmo que ocorre conosco? Acordamos à mesma hora, vemos as mesmas pessoas, falamos dos mesmos assuntos, voltamos para mesma casa e nos desesperamos com tanta monotonia. Mas se conseguirmos extrair o melhor dessa rotina, em vez de nos entediarmos estaremos apenas poupando energia para gastar nas próximas férias.

Dr. Daniel Martins de Barros, médico formado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), psiquiatra pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do HC e bacharel em Filosofia pela USP, doutor em ciências pela FMUSP.

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Chama da alma


Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.

Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.

Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com tantas coisas materiais.

Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta. E o rei era virtuoso e amado por todos.

Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu:

- Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo. Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.

O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou:

- Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?

O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu:

- Majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada.

Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo:

- Pois é assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam.

- Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário.

Desconheço a autoria.

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Seu santo nome


Não facilite com a palavra amor.

Não a jogue no espaço, bolha de sabão.

Não se inebrie com o seu engalanado som.

Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).

Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.

Não a pronuncie.


Carlos Drummond de Andrade.

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A arte de saber viver


Viver é muito perigoso... 

Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... 

Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... 

O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.

Guimarães Rosa.

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Coração cantando


A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, como se estivessem abertos  diante de nós todos os caminhos do mundo.

Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali…

Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mario Quintana.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Juizo final


O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer 

Autor: Nelson Cavaquinho
Interprete: Clara Nunes




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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Minha felicidade não é a sua


No mais recente livro de Carlos Moraes, o excelente “Agora Deus vai te pegar lá fora”, há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major:

- “Por que você não é feliz como todo mundo?” A que ela responde mais ou menos assim:

- “Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por quais mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é a minha, major.”

E assim é.

Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que esse casamento deve ser um inferno, pobre sujeito.

É nestas horas que me pergunto: mas que sabemos nós da vida dos outros?

Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave na porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar-se no cinema, sozinho, para assistir o filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações. Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo – ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.

O que eu sei sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio?

Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter – juízes indefectíveis que somos da vida alheia – mas é um atrevimento nos outorgar o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz.

A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém.

Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e do que ela é capaz de desfazer para manter-se sã.

Toda felicidade é construída por emoções secretas.

Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão.

Martha Medeiros.

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Paz


Despir uma peça e outra da ansiedade, deixar o tempo das coisas fluir em paz,  afrouxar a ideia fixa um pouquinho, diminuir o volume da barulheira mental, mudar o  destino do foco, só pra variar, mesmo que nem dure muito, costuma criar um lugar de  descanso aprazível e reparador na vida da gente.

Quando não há mais nada que possamos fazer para tentar modificar algumas  circunstâncias, o que existe de mais confortável no mundo é a liberdade da entrega e a  coragem da aceitação de que as coisas possam ser simplesmente como são.

Ana Jácomo.

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domingo, 22 de janeiro de 2012

Se eu fosse um padre...


Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões, não falaria em Deus, nem no pecado - muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções,

Não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas ou das suas terríveis maldições...

Se eu fosse um padre eu citaria os poetas, rezaria seus versos - os mais belos - desses que desde a infância me embalaram e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma ...

A um belo poema - ainda que de Deus se aparte - um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana.

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sábado, 21 de janeiro de 2012

Apenas passe adiante


Lá estava eu com minha família, em férias, num acampamento isolado e com carro enguiçado. Isso aconteceu há 5 anos, mas lembro-me como se fosse ontem.

Tentei dar a partida no carro e ... nada! Caminhei para fora do acampamento e, felizmente, meus palavrões foram abafados pelo barulho do riacho. Minha mulher e eu concluímos que éramos vítimas de uma bateria arriada. 

Sem alternativa, decidi voltar á pé até a vila mais próxima e procurar ajuda.

Depois de uma hora, e um tornozelo torcido, cheguei finalmente a um posto de gasolina. Ao me aproximar, lembrei que era domingo e, é claro, o lugar estava fechado. Por sorte havia um telefone público e uma lista telefônica já com as folhas em frangalhos.

Consegui ligar para a única companhia de auto-socorro que encontrei na lista, localizada há cerca de 30 km dali.

- "Não tem problema", disse a pessoa do outro lado da linha. "Normalmente estou fechado aos domingos, mas posso chegar aí em, mais ou menos, meia hora".

Fiquei aliviado, mas, ao mesmo tempo, consciente das implicações financeiras que essa oferta de ajuda me causaria.

Logo seguíamos, eu e o Zé, no seu reluzente caminhão-guincho em direção ao acampamento. Quando saí do caminhão, observei, com espanto, o Zé descer com aparelhos na perna e a ajuda de muletas para se locomover.

- "Santo Deus ! Ele era paraplégico!", pensei.

Enquanto se movimentava, comecei novamente minha ginástica mental em calcular o preço da sua ajuda.

- "É só uma bateria descarregada; uma pequena carga elétrica e vocês poderão seguir viagem", disse-me ele.

O homem era impressionante: enquanto a bateria carregava, distraiu meu filho com truques de mágica, e chegou a tirar uma moeda da orelha, presenteando-a ao garoto.

Enquanto colocava os cabos de volta no caminhão, perguntei quanto lhe devia.

- "Oh! nada" - respondeu, para minha surpresa.

- "Tenho que lhe pagar alguma coisa", insisti.

- "Não", reiterou ele. "Há muitos anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior, em um grave acidente, quando perdi as minhas pernas, e o sujeito que me socorreu, simplesmente me disse":

- "Quando tiver uma oportunidade, passe isso adiante".

- "Eis minha chance. Você não me deve nada! Apenas lembre-se: quando tiver uma oportunidade semelhante, faça o mesmo... passe adiante!"

"Somos todos anjos de uma asa só, mas, como somos imperfeitos, precisamos nos abraçar para alçar vôo"

Se você gostou desta história, por favor, não agradeça, apenas "passe adiante"!

Desconheço o autor.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Esperanças ...


Que não nos faltem bons sentimentos. Que nos falte egoísmo. Que nos sobre paciência. Que sejamos capazes de enxergar algo de bom em cada momento ruim que nos acontecer.

Que não nos falte esperança...

Que novos amigos cheguem. Que antigos sejam reencontrados. Que cada caminho escolhido nos reserve boas surpresas.

Que a cada sorriso que uma criança der nos faça ter um bom dia e enxergar uma nova esperança.

Que cada um de nós saiba ouvir cada conselho dado por uma pessoa mais velha. Que não nos falte vontade de sorrir.

Que sejamos leves. Que sejamos livres de preconceitos.

Que nenhum de nós se esqueça da força que possui.
            
Que não nos falte fé e amor.

Caio Fernando Abreu.

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Perspectiva


Se você acha uma flor bonita, à distância, experimente olhá-la bem de perto. Muitos detalhes a gente só consegue perceber ao aproximar mais os olhos e o coração.

Quando olhamos para algumas belezas conhecidas com a admiração e a curiosidade afetiva de quem olha pela primeira vez, garantimos porções extras de alimento para a alma.

Uma das coisas mais perigosas que podem nos acontecer é perder a capacidade de renovar o próprio olhar.

A vida da gente tem muito a ver com a nossa perspectiva.    
 
Ana Jácomo.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desejos


Que o medo não nos paralise. Que toda tristeza venha só de visita, com hora marcada e passagem pra ir embora.

Que os sorrisos nos fortaleçam.

Que os amigos nos amparem. 


Que a alegria seja o pão-nosso-de-cada-dia.

Que cada um cuide do que diz e do que sente, sem dar importância demais aos que os outros pensam.

Que o sono venha de uma consciência tranquila.

Que a felicidade, nunca, jamais, em tempo algum, seja vendida em cápsulas numa farmácia.

Que o amor seja capaz de transformar o mundo à nossa volta.

Que os anjos digam Amém.

Cris Carvalho.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Presente vivo


"Eu não posso fazer você se sentir bem.
(A menos que você queira...)
Você não pode fazer com que eu me sinta bem.
(A menos que eu queira...)
Eu não posso fazer você se sentir mal.
(A menos que você queira...)
Você não pode fazer com que eu me sinta mal.
(A menos que eu queira...)
        
As músicas, as histórias, os filmes, os livros, a maneira como as pessoas relatam as situações para os outros convidam-nas a não assumir a responsabilidade por seus sentimentos e condutas.
        
É incrível como as pessoas dão o poder sobre suas vidas aos outros. Como querem fazer os outros responsáveis por suas dificuldades. As pessoas podem cuidar de si; têm potencial e podem realizá-lo, embora muito poucas o façam.
        
Cada um de nós, no momento da concepção, ganha um presente, que é a própria vida.       Podemos pensar que ganhamos esse presente dos nossos pais, de Deus, das enzimas que permitem a fecundação do óvulo.
        
Obviamente, a vida somente poderia ser um presente vivo. Uma das consequências de ganhar um presente vivo é ter de cuidar dele. Assim fazemos se ganhamos um bichinho ou uma planta. Temos de cuidar deles para que continuem vivos.
        
A maneira como cuidamos desse presente vivo tem muita relação com as pessoas que nos deram o presente, com a nossa disposição para cuidar e com o presente em si mesmo.
        
Sua vida é um presente vivo. E, como tal, cabe a você cuidar dele...
        
Compreender que essa dádiva é algo em permanente evolução e, portanto, algo para ser criado a cada momento.

Sim, nós somos recriados a cada momento. É um presente completo, mas continuará sempre se completando.    
        
Roberto Shinyashiki.

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Te amo do tamanho da girafa


Um dia destes estava conversando com uma amiga pelo telefone quando, de repente, ela disse: “Te amo do tamanho da girafa”. Fiquei surpresa com a frase, mas não com o afeto que continha nela, pois ao longo dos anos de nossa amizade, sempre tivemos a cumplicidade de expressar nossos sentimentos uma à outra.

Minha surpresa tinha relação com o que tal frase realmente significava - amor do tamanho de uma girafa? O que seria?

Em seguida, minha amiga explicou que, durante uma de suas aulas (ela é professora), foi exatamente esta frase que ouviu de uma de suas alunas (com idade entre 4 e 5 anos). Contou que, durante uma de suas explicações, a garotinha olhou-a bem nos olhos e anunciou: “Prô, eu te amo do tamanho da girafa!” e voltou aos seus afazeres, sem mais nada dizer. Sem que a professora pudesse aprofundar-se no tema.

Tal situação invadiu os meus pensamentos, passei dias refletindo: “o que realmente está contido nesta frase?”. Nós adultos temos a incrível necessidade de questionar tudo, de ampliar tudo, de querer entender tudo. Mas, quanto de amor significa "te amo do tamanho da girafa"? Será que nós, adultos, somos capazes de quantificar tal expressão? E se formos, será que realmente somos capazes de entender seu real significado?

Impossível é, então, deixar de perguntar: “Quanto é amar do tamanho da girafa"? É amar muito? É amar de forma grandiosa? É amar o mais alto que a vista seja capaz de enxergar? Em que pensava esta criança ao expressar-se assim? Nunca saberemos a verdade (se é que é realmente importante conhecê-la) ... só teremos a certeza de que a professora dela mereceu a confissão.

E nós, "adultos”? O que amamos do tamanho da girafa? Ou ainda: Quando nos perdemos desta pureza de sentimentos? Quando deixamos de nos expressar? Quando começamos a mentir? A omitir coisas, pensamentos e sentimentos? Quando iniciamos esta loucura que vemos hoje? Pais que matam e mutilam filhos; filhos que são arremessados de janelas de casas ou de carros; netos que maltratam seus avós; filhos que, por ciúmes, doença ou ganância, cometem crimes bárbaros contra seus pais?

Quando deixamos de amar alguém “do tamanho da girafa” e passamos a amar outras coisas? O que nós amamos do tamanho da girafa? Poder? Prestígio? Dinheiro? Status? Posição social?

Quando deixamos de amar? Quando nos deixamos? E nos trocamos ... nos trocamos pelo quê? Será que trocamos o "ser" pelo "ter"? O “nós” pelo “eu”?

A sensação que possivelmente teremos – ao observarmos uma criança – é que a vida é bem mais simples do que nós, adultos, planejamos e fazemos dela. A vida é como decidimos que ela seja. Em outras palavras, como escolhemos vivê-la!

Esta criança sábia utilizou-se certamente do maior animal que conhecia, para falar do tamanho do seu amor pela professora. Não precisou de títulos para nos ensinar o óbvio: que o amor é para ser expresso, compartilhado, sentido, confessado!

Esta criança foi sábia porque não teve pudores, pois ama e diz e, certamente, disse no instante em que sentiu. Não esperou terminar o ano para dizê-lo, não esperou terminar o dia para confessá-lo, não esperou sentir-se amada para revelar. Apenas disse no instante em que sentiu!

Os consultórios de psicologia estão repletos de pessoas cuja queixa faz relação ao amor e a carência em encontrá-lo. Amor não somente na forma “homem x mulher” e suas variáveis, mas o amor entre pais e filhos, amor entre amigos; amor pelo que se faz, acredita, por uma causa, uma crença, um valor! Ao invés disso, observamos a competição, a correria, a acomodação, o “deixar para amanhã”, o individualismo, a falação desenfreada e desconexa, a argumentação dos próprios valores sem que haja empatia pelo outro.

“Amar do tamanho da girafa”, deveria ser um projeto de vida, uma filosofia, um novo conceito de milênio; porém, ao invés disso, intelectualizamos, criamos teorias, quando talvez o mais sensato fosse apenas dizer:

- "Eu te amo ... você é realmente muito importante na minha vida"! Quem sabe deveríamos dizer mais vezes, e a mais pessoas, "eu te amo!"

Amar, expressar o amor sem que, necessariamente, espere-se algo em troca!

John Lennon já dizia: “só precisamos de amor” (all we need is love)!

Experimente dizer “Eu te amo do tamanho da girafa!" para alguém hoje!

Experimente ...

Desconheço o autor.

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domingo, 15 de janeiro de 2012

Eco


A vida é um eco.

Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que você está emitindo. 


Se você está emitindo amor, receberá amor. Se você emitir felicidade, receberá felicidade.

Porém, se você emitir tristeza, ansiedade, mau humor, reclamações ...

A vida é eco ...

Pense nisso antes de reclamar da vida!!!


Desconheço o autor.

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sábado, 14 de janeiro de 2012

Mais que a mim


Ouvi dizer que você tá bem
que já tem um outro alguém
Encontrei moedas pelo chão
Mas não vi ninguém pra me abraçar
me dar a mão

Eu chorei sem disfarçar
Quando vi seu carro passar
Vi todo o amor que em mim ainda não passou
Eu já não sei bem aonde vou
Mas agora eu vou.

Tentei falar mas você não soube ouvir
Tente admitir!
Tentei voltar e pude ver o quanto errei
Te amei mais que a mim, bem mais que a mim.

Ouvi dizer que você tá bem
que já tem um outro alguém
Encontrei moedas pelo chão
Mas não vi ninguém pra me abraçar
me dar a mão

Eu chorei sem disfarçar
quando vi seu carro passar
Vi todo o amor que em mim ainda não passou
Eu já não sei bem aonde vou
Mas agora eu vou.

Tentei falar mas você não soube ouvir
Tente admitir!
Tentei voltar e pude ver o quanto errei
Te amei mais que a mim, bem mais que a mim.

É, mais que a mim. 


Interpretação de Ana Carolina e Maria Gadú.



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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Talvez


Talvez eu venha a envelhecer rápido demais.
Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.

Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de minha vida.
Mas farei que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei.

Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais.
Mas jamais irei me considerar um derrotado.

Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda.
Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão.

Talvez um dia o sol deixe de brilhar.
Mas, então, irei me banhar na chuva.

Talvez um dia eu sofra alguma injustiça.
Mas jamais irei assumir o papel de vítima.

Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos.
Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderão em minha direção.

Talvez, numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas.
Mas não terei vergonha por esse gesto.

Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.
Mas não deixarei de acreditar que, em algum lugar, alguém merece a minha confiança.

Talvez com o tempo eu perceba que cometi grandes erros.
Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho.

Talvez com o decorrer dos anos eu perca grandes amizades.
Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.

Talvez algumas pessoas queiram o meu mal.
Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar.

Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo da música.
Mas, então, farei com que a música siga o compasso dos meus passos.

Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris.
Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração.

Talvez hoje eu me sinta fraco.
Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente.

Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias.
Mas terei a consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma.

Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música.
Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo.

Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações.
Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas.

Talvez a vontade de abandonar tudo torne-se a minha companheira.
Mas, ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo.

Talvez eu não seja exatamente quem gostaria de ser.
Mas passarei a admirar quem sou.

Porque no final saberei que, mesmo com incontáveis dúvidas, eu sou capaz de construir uma vida melhor.

E, se ainda não me convenci disso, é porque como diz aquele ditado: “ainda não chegou o fim”.

Porque no final não haverá nenhum “talvez” e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.

Sônia Carvalho. 

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Coincidência ou necessidade?


Nada acontece por acaso, nem por coincidência. Deus permite, na mesma medida, que façamos coisas boas ou ruins, que plantemos aquilo que queremos. Com isso somos capazes de crescer, de evoluir, aprender que somos nós os responsáveis por nossas quedas e pelos nossos atos mais sublimes.

Quando somos ajudados não podemos culpar o outro, pois foi nossa intenção que fez com que a ajuda viesse, seja para fazer o bem ou para fazer o mal. O mal e o bem são apenas professores e nós, como alunos, escolhemos o que queremos aprender. Tudo na vida tem uma razão de ser. Tudo o que nos foi emprestado é para que aprendamos como conviver com aquilo.

Imaginemos um homem: Deus permite que ele seja pai, aprenda como ser um bom pai, não bom segundo os homens, mas segundo Deus. Não é acaso, ele buscou ser pai. Por estes e por tantos outros motivos, nada acontece em nossa vida que não seja para um aprendizado.

Ninguém entra em nossa vida que não seja para nos ajudar em algo. Por isso até, que acredito em reencarnação. Para que a gente tenha sempre uma oportunidade para evoluir, crescer. Caso contrário, Deus seria injusto. Por que determinada pessoa passa por certas experiências e eu não? Por que tal pessoa tem isso ou aquilo, e eu não? Tudo é visando uma evolução. Tudo tem um propósito divino. Já parou para pensar por que você faz parte da vida de alguém? E aquela situação complicada? Qual o propósito dela?

Conseguimos construir nossa realidade quando enxergamos o limite de nossos sonhos. Assim podemos fazer as ações que nos são possíveis para alcançar o que queremos. É importante lembrar que toda ação que praticamos terá uma consequência, a curto ou a longo prazo, e se não estivermos conscientes dessa ação, raramente teremos controle sobre as consequências.

Para aqueles que acreditam na sorte há o acaso e para aqueles que não, o destino. Entretanto, nunca saberemos as reais dimensões que tais consequências podem ter. Quando deixamos Deus guiar nosso caminho, entendemos que nada que passamos é em vão. Às vezes nos desviamos do caminho que planejávamos, mas Deus o permite porque sabe que somos limitados para enxergar tudo aquilo que nos cerca e por isso podemos tomar decisões erradas, mesmo pensando que estão corretas.

Estamos em constante crescimento, sempre acumulando - consciente ou não – aprendizados que, de alguma forma, um dia nos serão úteis.

Jonas Carneiro Silva.

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A águia e a tartaruga



Ao sopé de uma gigantesca montanha, confabulando amistosamente, estavam a Águia e a Tartaruga. Falavam sobre superar limites, e atingir objetivos. A Águia, poderosa rainha dos ares, dizia não haver lugares inatingíveis, e nem metas que não pudesse alcançar. A envergadura de suas asas permitia que fosse a qualquer lugar. Era soberana e tinha a segurança que apenas tem quem sabe do seu real potencial.

A meiga Tartaruga, a quem a paciência já havia ensinado grandes lições, falava sem pressa. Contava sobre pequenos detalhes que, ao longo de sua caminhada, haviam entrado pelos seus olhos e marcado seu coração.

A Águia, sempre sedenta por aventuras, propôs um desafio à Tartaruga. Subiriam a montanha para, lá do alto, ver o mar. Queria mostrar para sua amiga o tamanho real do mundo. O horizonte visto do alto era de uma beleza ímpar. Empolgada, descreveu o aprendizado que sua alma faminta já assimilara. A Tartaruga, conhecendo a velocidade de seus passos, soube que este desafio muito lhe custaria. Talvez a metade de sua existência. Mas queria ver o que havia lá no alto.

Olharam-se, sorridentes, e começaram sua aventura. O farfalhar das asas da Águia, ergueu poeira e, em instantes, sumiu das vistas da Tartaruga. E esta, movendo-se no ritmo que lhe fora conferido pela vida, foi subindo lentamente. Seu corpanzil pesado tinha muita dificuldade para se mover naquele terreno irregular. Durante o trajeto, muitas vezes tropeçava na falta de experiência e rolava morro abaixo. Mas depois de se refazer, recomeçava a caminhada.

A trilha era estreita e, muitas vezes, ela parava para dar passagem a outros animais, que subiam ou desciam, e sempre gentil, oferecia-lhes seu sorriso.

Alimentava-se da vasta vegetação e seu paladar provou novos sabores. Alguns amargos, mas outros absurdamente tenros e macios. Olhando ao redor, para não perder nenhum detalhe, deu-se conta de que havia flores, ornamentando o caminho, e estas, com seu perfume, derramavam alento dentro de seu coração.

Enquanto a Tartaruga se empenhava em subir, tomando muito cuidado com as quedas, a Águia, há muito já alcançara o topo. Aliás, não demorara quase nada, e agora, no alto de uma frondosa árvore, se perguntava quanto tempo levaria a Tartaruga para vir a ter com ela.

Esperou dias e noites. E aquela paisagem, sempre encantadora, foi tornando-se cansativa, e ela ansiou por sair dali. Precisava alçar vôo, traçar novas metas. Tinha sido tão fácil chegar, e agora se perguntava porque incentivara a pobre Tartaruga a subir. Não seria possível esperar por ela. A vida se agitava dentro das suas veias e estagnar significava matar seu espírito. Morreria, se ficasse. Precisava estar em constante movimento para que suas asas não atrofiassem. Olhou para baixo e nem sinal da Tartaruga. Então, seu piado forte cortou o silêncio, enquanto ela cortava o céu, e voou dali.

Anos mais tarde, completamente exaurida, chegou a Tartaruga ao topo. Durante este tempo todo, enquanto caminhava e quando o cansaço minava as suas forças, era nas palavras da Águia que ela pensava. Veria algo novo. Veria um novo mundo. E este pensamento foi seu alimento. A cada vez que quase sucumbia tentava visualizar aquele horizonte descrito pela Águia, e então, cantarolante, começava tudo outra vez.

Seus passos eram constantes. A subida não lhe conferira uma nova velocidade. Muitas vezes, havia sido muito duro olhar para o alto e ver o quanto ainda faltava. Então, ela olhava para os lados. E olhava atrás de si. E, orgulhosa, constatava que, mesmo que morresse ali, que jamais atingisse seu objetivo, jamais em sua vida havia feito algo igual.

Faltava pouco agora para que conhecesse um mundo novo. Mais alguns arbustos e estaria no topo da montanha. Seu coração batia apressado, seu corpo tremia de ansiedade e excitação. Então, a cortina se abriu. Tudo o que vivera até então não se comparava ao que estava sentindo. Lá estava o horizonte se encontrando com o mar gigante. Ambos se tocavam, numa suave carícia, e o Sol nascia da união dos dois. Vinha saindo, todo matreiro, de dentro do mar e erguia-se sobre a Terra.

Nesta hora, duas lágrimas suaves brotaram dos olhos da Tartaruga. Mentalmente agradeceu à Águia pelo incentivo que lhe dera. Sabia que não a encontraria ali. Sempre soubera. A Águia plantara, dentro dela, um par de asas gigantes. Apostara em sua persistência e, graças a ela, a Tartaruga se tornara única, entre todas as Tartarugas. Com um suspiro emocionado, recolheu-se dentro de seu casco, e dormiu serenamente.

Desconheço a autoria.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O segredo do casamento


Meus amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui ficar casado trinta anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam à minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo!

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.

Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue.

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém aguenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la (ou conquistá-lo) como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua de mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?

Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos em um único mês; então, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a frequentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém aguenta a mesma mulher (ou marido) por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas, e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal “estabilidade do casamento”, nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma “relação estável”, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensando fazer no início do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, por que não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto, descubra o novo homem (ou a nova mulher) que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos, apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Stephen Kanitz.
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O bem e o mal

 
Uma amiga, certa vez, me disse:

- “Quero entre nós gente do bem!”

E eu comecei a me questionar:

- “Afinal, quem será essa gente do bem? Será que aquela pessoa que omite sua opinião sobre mim, e que se cala para não me magoar, é do bem?

Ela é do bem quando me poupa da sua opinião, da sua verdade, e de seu tapa na minha cara, que poderia me fazer acordar?

Será do bem aquela pessoa que diz amém para tudo? E que engole o veneno a cada dia, e destrói seu estômago e suas vísceras com esse veneno que não pode ser destilado?

Será do bem aquela pessoa me me admira, e que faz vistas grossas para meus  defeitos, sendo, com isso, indiretamente conivente com meus erros?

E isso me fez pensar … quem é do mal?

As pessoas que esfregam meus defeitos na cara? Que me criticam e me cobram?

Mas estas pessoas só me ajudam, é por causa delas que eu tento melhorar e me superar a cada dia.

Então…as do bem são meus amigos? E as do mal meus inimigos?

Sim, é certo que eu também vivo de afagos e colo! Mas são as bordoadas que me fazem crescer…..

Então do bem são meus inimigos. E mal me fazem meus amigos, que me acolhem e me dão o colo quando, na verdade, eu preciso é melhorar!!!

Mas meus amigos são tão bonzinhos, e meus inimigos são tão maus…

Meus amigos me ouvem, me compreendem … E meus inimigos só me criticam, só denigrem minha imagem….

Quando um amigo me elogia, quem ouve fica, inconscientemente, buscando um  defeito meu para poder justificar a si mesmo, que eu não posso ser perfeita. Mas quando um inimigo me critica, quem ouve busca, imediatamente, uma virtude minha para ressaltar!

Desta forma chego à conclusão que mal me fazem os amigos, e bem me fazem os inimigos….

E que gente do mal é quem me quer bem… E que gente do bem é quem me quer mal…

Isso lhe parece real?  Não! Nada do que eu disse é real….

Mas parece sensato, não parece? Mas não é!

São premissas falsas que afirmam coisas verdadeiras. Mas, no final, seus pensamentos e sentimentos se confundem e você acaba aceitando como verdade um monte de mentiras!!!

Assim é a vida! E assim são algumas pessoas, algumas seitas e religiões!!!

Elas te confundem … E você aceita o mal pelo bem… E em outras vezes aceita o bem pelo mal…..

E depois de muito, muito tempo, você percebe que não existe nem o bem e nem o mal, nem gente do bem e nem gente do mal…

Porque tudo é circunstancial!!!

Alina Bianco.

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Decisões


A maioria das pessoas toma decisões superficiais. Elas apenas anunciam suas decisões, não mudam as atitudes. Não dizem adeus ao passado, não abandonam velhos hábitos. 

Assim, com a mesma rapidez que decidem algo, desistem. É preciso ter decisões consistentes, que resultem em atitudes.

Somente uma mudança de atitude após uma decisão cria verdadeiras mudanças na vida de uma pessoa. 

Roberto Shinyashiki.
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sábado, 7 de janeiro de 2012

Fizeram a gente acreditar

 
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.

Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.

Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

Martha Medeiros.
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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Os verdadeiros eu conto nos dedos



Meus amigos são todos assim:  metade loucura, outra metade santidade.

Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

Fernando Pessoa.

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sobre a liberdade


"A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz.

Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem.

Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."

Paulo Freire.


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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Procura-se:



Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito:

Precisa-se de alguém, homem ou mulher, que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la.


Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria.

É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais.

Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere.

Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama.

Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo.

Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.

P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Clarice Lispector.

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domingo, 1 de janeiro de 2012

Sabedoria dos antigos



Todo início de ano gosto de olhar a vida como os antigos faziam. Em tempos distantes, até mesmo nas civilizações perdidas, a sociedade era fundamentalmente agrária.

Não é preciso ser adepto da astrologia para se fascinar com a descrição mais tradicional da passagem dos signos, refletindo os ciclos da terra camponesa. Áries, o primeiro do zodíaco, representa o solo pronto para ser trabalhado. Touro, o momento em que é preparado para o cultivo (no passado, o touro puxava o arado!). E assim por diante, com as espigas douradas do trigo explodindo ao sol em Leão.

Faço todas as simpatias possíveis no réveillon, invento promessas de ano novo. No fundo, é um jeito de agir idêntico ao de algum antepassado. Em janeiro a vida se assemelha à terra pronta para ser trabalhada, semeada.

Subitamente minhas esperanças se confundem com as de algum outro homem de milhares de anos atrás, diante da passagem do tempo. No passado, as pessoas entendiam esses ritmos.

Minhas avós, imigrantes espanholas, depois de anos calejando as mãos na roça, contavam com cuidar dos netos na velhice e, por sua vez, ser cuidadas pelos filhos. O mundo mudou. E não se entende mais as passagens da vida.

Outro dia conheci um rapaz que simplesmente não pretende trabalhar. Herdou um bom dinheiro e está gastando. Como se já tivesse feito a colheita, mas nem sequer semeou! O que acontecerá quando a fortuna acabar?

Conheço uma senhora de mais de 60 que se recusa a envelhecer. Ninguém tem de ter uma vida chata. Mas alegria não é sinônimo de juventude. Por que a idade madura e a velhice não podem ser alegres? Por que essa exaltação da juventude, como se fosse a única fase possível para a felicidade? (eu, nos meus 20 anos, era inseguro e angustiado!).

Por mais plásticas que faça, a pessoa jamais parecerá ter 20. Mesmo que fosse possível, as colheitas da vida, boas e más, farão com que seu comportamento seja diferente. Não é preciso desistir dos sonhos. Mesmo porque os sonhos não envelhecem, como sementes estocadas muito tempo até germinarem. Mas também as passagens da vida dão outra dimensão a esses sonhos.

Nesta existência nunca serei um pugilista famoso. Mas ainda posso aprender boxe se quiser e me divertir. Já quis ser pintor. Minhas telas estão dependuradas nas paredes de casa e dizem que são boas. Posso voltar aos pincéis. Mas será por prazer, sem o objetivo profissional da adolescência.

Não vou dar a volta ao mundo em um veleiro nem participar de uma escavação arqueológica no Egito. Há coisas que não farei mais, outras só posso fazer agora. Busco entender o ritmo delicado da minha terra particular. Penso que sou crítico demais.

Acho patético quem não admite as passagens da vida: pessoas maduras com trajes adolescentes, que as tornam mais velhas ainda; jovens executivos sérios, secos, incapazes de aproveitar o desprendimento de sua idade.

Também me espanta quem não aceita o tempo alheio e cobra amadurecimento excessivo de um adolescente ou disposição absoluta de um velho. Alegria de quem sofreu uma perda. Comedimento de quem conquistou uma vitória.

Admiro a sabedoria dos antigos, para quem na vida havia um tempo de semear, de colher e do descanso até a nova preparação da terra para, mais uma vez, plantar!

É um jeito simples de olhar a vida, mas que agora, em janeiro, fala muito ao meu coração. Diz o velho adágio: ano novo, vida nova. Eu sorrio e penso nos frutos que ainda vou colher.

Walcyr Carrasco.

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É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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