segunda-feira, 3 de outubro de 2011
A águia e o pardal
O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia.
Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade de voar como a águia, mas não sabia como fazer. Sentia vontade de ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza.
Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido.
Foi quando levou um enorme susto: deparou com uma forma muito repentina com a grande águia à sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão, e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o.
Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia, em sua quietude, apenas o olhava calma e mansamente e com uma expressão séria perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Andala?
- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como te sentes, amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas?
- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho...
O pardal suspirou, olhando para o chão, e continuou:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...
- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!
E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:
- Andala, apenas mais uma coisa: não poderás voar como uma águia se não treinares incansavelmente todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho.
Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás livre!
Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles.
Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha!
Desconheço autoria.
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- É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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