quinta-feira, 3 de maio de 2012

Algumas gotas de perfume


Os retornos da vida nem sempre são visíveis, nem sempre são caminhos previsíveis ou nem sempre estão ali na frente.

E o fato de se ter que viver nessa incógnita do dia seguinte faz com que alguns fechem-se, como conchas que escondem em si pérolas de inestimável valor.

Muitos hesitam em dar de si porque acham que oferecendo-se, perdem-se. Constroem muros em torno de si, ilham-se.

Certas pessoas não se entregam a amores, ficam reticentes ante abraços e à ternura de abrir-se inteiramente, desfolhar o coração e desnudar a alma, como fazem as flores, sem querer saber o porquê e se haverá algum retorno.

Aqueles que se doam incessantemente, totalmente e integralmente, desgastam-se sem olhar para trás e sem querer ver longe demais, crescem em estatura da alma, mesmo se em alguns momentos o cansaço e o desânimo atingem levemente o coração.

Mas amar incondicionalmente é amar de olhos fechados, é transformar através das nossas vivências a visão que outros têm da vida, é contribuir para a escalada na busca do eterno.

Algumas gotas de perfume recaem sobre nós quando somos bons, quando nosso prazer maior está em servir e nosso eu e nosso ego ficam de lado.

Não é possível dar de si sem que um pouco do gesto não recaia dentro do coração, sem que Olhos atentos e agradecidos estejam pousados sobre nós, abençoando-nos.

Letícia Thompson.

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1 comentários:

Maurélio disse...

Muito legal o texto romântico, amei.
Parabéns poetisa Letícia

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Claudia Mei
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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