segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Conjugando o conjugal


Palavra para a qual raramente se atina é conjugal. Por que conjugal? Porque viver junto (não me refiro apenas ao casamento contratual tradicional) é conjugar.

Conjugar é viver todos os tempos e pessoas dos verbos. É saber ser eu, ser tu, ser ele, ser nós, ser vós e ser eles, sem perda da individualidade fundamental.

Conjugar é viver vários tempos – presente, passado e futuro – e várias pessoas em nós.

Conjugar é, pois, articular a complexidade de cada ser com a complexidade do parceiro/a.

Mas conjugar é, também, com+jugo. É estar com o jugo amoroso do outro. É com jugar. Não é subjugar (como no machismo tradicional). É estar não sob o jugo, mas com o jugo (compreensivo e amoroso) do outro. É estar com a vivência do amor em todas as pessoas (eu, tu, ele, nós, vós, eles). É ser vários em um. É uma troca permanente e não a imposição de uma das partes.

Conjugal, cônjuge, portanto, mais do que a palavra tornada fria pelo uso, possui o sentido profundo de conjugação, integração, articulação do par amoroso, através de uma união que pode se chamar casamento, amor, amizade colorida, transa, tanto faz. Cônjuge é quem conjuga com e não quem mora com ou tem o papel assinado ratificando o caráter legal da união.

Para conjugar o verbo amar é preciso conjugar o verbo ser. O amar é um exercício de felicidade, não de poder.

Artur da Távola.

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Claudia Mei
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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