quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Amor e luz


Radical assim, sim. Você gosta do que você é. Você admira quem tem as qualidades que você também acha que tem ou gostaria de ter.

Você gosta do que lhe diz respeito, gosta das pessoas que têm seu sangue, das que você elege, das que não ameaçam você.

Você e o mundo são assim. Todos os seres humanos são assim, racionalmente. 


Na tv concordamos com quem diz o que nós pensamos. No jornal damos crédito a quem escreve o que nos representa. No fundo nós só gostamos de nós mesmos.

Leio uma crítica do Ricardo Feltrin e adoro-a. Claro, ela reflete o que eu também penso, tenho que gostar. Dela, a crítica, dele, o crítico.

Cada ser humano se sente o centro do mundo, vê tudo sob sua ótica e só ama a si mesmo. Até sua falta de auto-estima prova que seu interesse é só um, ele próprio. Egoístas. Todos somos.

E aí vem o amor e dá uma rasteira no nosso ego imbecil.

O amor. Que subitamente faz com que a gente ame alguma coisa, alguém, que é um não-eu. Não é a mamãe, nem o papai, vovó, titio, filhinho. É outra pessoa. De outra família, outro lugar, que tem outra história. Muitas vezes, é até de outro sexo.

E  amamos esta pessoa sem saber como ou por quê.

Porque o amor não é verbo que a gente conjuga na primeira pessoa de forma racional, amor é verbo que faz da gente objeto.

O amor acontece. E só quem aprende, entende, exercita o amor sabe de sua potência, sua imensidão.

Quem nunca amou pode achar que sabe, mas não sabe.

Amor é único, não parece com nada.

O que mais se parece com amor deve ser chocolate. Ou queijo. Quando a gente tem vontade de comer chocolate não serve mais nada. Só chocolate mesmo. Queijo é assim também. É uma coisa em si.

No fundo, todo mundo que vive em desamor, de forma pontual ou em longas doses ao longo dos anos, vai ficando amargo. Depois, azedo. Depois, podre.

As pessoas ruins, ácidas, infelizes, que não sentem prazer, vivem anestesiadas. São sempre as mais ranzinzas, as mais chatas, as que alfinetam, as que ferroam sem parar.

Não são rompantes normais da ira, é um azedume que contamina tudo, uma umidade triste de quem vive sem luz, onde o bolor diário da inveja cresce.

É triste, isto. Gente que vive embolorada por dentro, por falta de amor e sol. Lamento por todas elas.

Porque se elas se lançassem ao amor mudariam num instante.

Rosana Hermann

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Claudia Mei
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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