quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O grito no vale



O homem resolveu partir em busca de Deus. E foi atrás dos mestres, que diziam conhecer profundamente as razões pelas quais o Universo havia sido criado, e prometiam explicar o que Deus queria da humanidade.

- Mas quem lhes ensinou isso? – perguntava aos mestres – Foi o próprio Deus?

Os mestres diziam muitas palavras bonitas, mas não conseguiam definir exatamente quem os ensinara
tudo que pregavam aos quatro ventos.

Assim, depois de alguns dias de aprendizado aqui e acolá, o homem sempre seguia adiante.

Em suas andanças, terminou conhecendo um vale, onde camponeses afirmavam que, em uma montanha próxima, Deus falava com quem se aproximasse.

E o homem foi para a montanha. Esperou durante três dias, jejuando e rezando, mas Deus não se aproximou.
No quarto dia, já desesperado, ele gritou:

- Onde estás?

O eco respondeu:

- Onde estás?

E, a partir daquele instante, o homem compreendeu que Deus fazia a mesma pergunta, e que também lhe buscava.

 Paulo Coelho.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Nem sempre querer é poder



Nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode. Ainda não consegue realizar. 

Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha conosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. 

Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo. As flores, como algumas vontades, também desabrocham somente quando conseguem.

Ana Jácomo.

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Relacionamentos



Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa:

- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.

Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.

E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...

Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.

Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto.

Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...

Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

Arnaldo Jabor.

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Não acredito em milagres



Não acredito em milagres, mas acredito na fé, acho importante cultivar a esperança e valorizar o pensamento positivo, os valores fundamentados, a força de vontade, a paixão, a solidariedade.

O que atrasa o mundo é gente transformando fé em fanatismo. Fanáticos são os que doam seu suado dinheirinho para salvadores da pátria, são os que esfolam os joelhos subindo escadarias para agradecer uma graça alcançada. Graças são alcançadas pela medicina, pela sorte, pelo trabalho e pela inteligência: nunca pela ignorância.

Martha Medeiros.

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sábado, 17 de novembro de 2012

Sei



Sabe, quando a gente tem vontade de encontrar
A novidade de uma pessoa
Quando o tempo passa rápido
Quando você está ao lado dessa pessoa
Quando dá vontade de ficar nos laços dela
E nunca mais sair...

Sabe, quando a felicidade invade
Quando pensa na imagem da pessoa
Quando lembra que seus lábios encontraram
Outros lábios de uma pessoa
E o beijo esperado ainda está molhado
E guardado ali em sua boca
Que se abre e sorri feliz
Quando fala o nome daquela pessoa
Quando quer beijar de novo muitos lábios
Desejados da sua pessoa
Quando quer que acabe logo a viagem
Que levou ela pra longe daqui...

Sabe, quando passa a nuvem brasa
Abre o corpo, sopro do ar que traz essa pessoa
Quando quer ali deitar, se alimentar
E entregar seu corpo pra pessoa
Quando pensa porque não disse a verdade
É que eu queria que ela estivesse aqui...

Sei... Eu sei.

Nando Reis.


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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Se amar fosse fácil...



Se amar fosse fácil não haveria tanta gente amando mal, nem tanta gente mal amada.

Se amar fosse fácil não haveria tanta gente com fome, nem tantas guerras, nem gente sem sobrenome.

Se amar fosse fácil não haveria crianças nas ruas sem ter ninguém, nem haveria orfanatos, porque as famílias serenas adotariam mais filhos.

Se amar fosse fácil não haveria esposas mal amadas e nunca ninguém negaria o que jurou num altar, nem haveria divórcio, nem desquite, jamais...

Se amar fosse fácil não haveria assaltantes e as mulheres gestantes não tirariam seus fetos, nem haveria assassinos...

Mas o amor é um sentimento que depende de um “eu quero” seguido de um "espero”...

Mas a vontade é rebelde, o homem, um egoísta que maximiza seu “eu”, por isso o amor é difícil.

Jesus Cristo não brincava quando nos mandou amar. E quando morreu amando deu a suprema lição.

Não se ama por ser fácil, ama-se porque é preciso!

Desconheço a autoria.

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Declaração de Amor



Eu te amo do amanhecer ao anoitecer e, mesmo quando durmo, ainda te amo.

Eu te amo nas três dimensões, nas quatro luas, nos quatro elementos, nas quatro estações, nos quatro pontos cardeais.

Eu te amo nos cinco sentidos, nas sete cores do arco-íris, nas sete notas musicais, nos doze signos do zodíaco, em tudo o que existe eu te amo cada vez mais.

Eu te amo na procela e na calmaria, em todos os Josés e Marias, nos infantes, nos anciões, nos amigos, inimigos e irmãos... eu te amo em toda a criação!

Eu te amo no caos aparente ou na mais perfeita estrutura... eu te amo como o próprio criador ama a sua criatura.

Eu te amo no vento que vem do norte, na linha do horizonte, na pequena fonte, nas nuvens grávidas de chuva... eu te amo nos meus dias nefastos e nos meus dias de sorte.

Eu te amo na árvore frondosa, na montanha majestosa, na pedra preciosa, nas miríades de estrelas do universo... eu te amo no pequeno átomo, na imponderável constelação, eu te amo para além de qualquer humana compreensão.

Eu te amo pelo pouco que sei de ti, pelo muito que ignoro e por aquilo que somente posso pressentir.

Eu te amo na plenitude da lida, no ocaso da vida... e depois que eu me for, nas lembranças que porventura eu deixar, hás de encontrar perfumados e palpitantes restos do que foi o meu amor!

Fátima Irene.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Saudade...



Saudade é reviver cada momento, sentir as mesmas emoções sem cogitar que tudo se passou há tanto tempo.

Saudade é acordar de manhã e ter, para o ente amado, o primeiro pensamento e os demais, que vão invadindo a mente pelo resto do dia.

Saudade é envidar todos os esforços para esquecer sem, contudo, perder a mania de retomar os restos tangíveis que permaneceram, com os olhos marejados, e descobrir que os “restos tangíveis” estão vivos e são ainda o nosso maior e melhor legado.

Saudade é ter a impressão de que nada aconteceu, que ele não partiu, não traiu ou morreu e que, a qualquer momento, não importa se aqui ou além, se nesta ou em outra vida retomaremos o trajeto interrompido pelo revés inesperado e estaremos de novo
caminhando lado a lado!

Fátima Irene Pinto.

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domingo, 11 de novembro de 2012

Oração ao tempo


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

Autor: Caetano Veloso.
Interprete: Maria Gadu.




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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quando um sonho morre?


Ele morre quando a esperança dá lugar à desilusão. Ele morre quando desistimos de lutar. Ele morre quando desejamos mais dormir do que acordar. Ele morre quando preferimos a solidão ao convívio alegre e festivo dos amigos.

Ele morre quando trocamos liberdade por estabilidade. Ele morre quando o trabalho é realizado como dever e não como prazer. Ele morre quando quem sonha dá ouvidos àqueles que não conseguem sequer dormir, quanto mais sonhar.

Nunca deixe os seus sonhos morrerem. Ame a vida, pois nascemos para amar!

E se alguém lhe perguntar o que fizestes da vida, diga apenas:

- "Amei muito!"

Autor desconhecido.

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Declaração Universal dos Direitos do Amor


Considerando ser o Amor o maior de todos os agentes de Utilidade Pública, proclama-se o que:

Artigo 1º O Amor pode apropriar-se de todo e qualquer coração, com ou sem anuência do dono.

Artigo 2º Em presença de sentimentos inferiores, tais como a raiva, o ódio e o ressentimento, ao Amor é permitido julgá-los e extraditá-los sem direito a reconsideração da pena.

Artigo 3º O Amor deve ser respeitado em todas as suas formas, sejam elas dirigidas a pessoas, coisas, vegetais ou animais.

Artigo 4º Ao Amor é sempre permitida a companhia do perdão, pois que sem este Ele está falsificado.

Artigo 5º O Amor tem o direito de ficar cego, surdo e mudo quando em presença de maledicências e pode apresentar-se como agente de paz diante de desarmonias e atos prejudiciais a todos os seres do Planeta.

Artigo 6º O Amor tem licença plena para manifestar-se livremente, independente de raça, credo ou religião. Ele é incondicionalmente livre para viver em seu habitat natural: O Coração.

Artigo 7º O Amor é bússola que aponta o caminho para a Felicidade e assim deve ser indiscutivelmente reconhecido.

Artigo 8º A todo aquele que banir o Amor do seu coração será imputada a pena de solidão, isolamento e sofrimento perpétuos.

Artigo 9º O Amor nunca deverá ser responsabilizado por dores, perdas ou danos e tem amplos poderes para neutralizar todas as batalhas, sejam elas emocionais, familiares ou sociais.

Artigo 10º Ao Amor não se aplicam Leis Trabalhistas: Ele pode exercer suas funções 24 horas por dia durante todos os dias do ano.

Artigo 11º Quando o Amor entra em corações, deve ser bem recebido, bem tratado, bem nutrido e absolutamente livre para agir em prol de todos os envolvidos por Ele.
Artigo 12º Em nenhuma hipótese, o Amor deverá ser álibi para atitudes de más intenções, tais como usá-lo como desculpa para enganar, iludir ou controlar corações. Também nunca poderá ser instrumento de brincadeira com o sentimento do homem ou da mulher.

Artigo 13º Toda e qualquer tentativa de matar o Amor será tratada pelo Universo como crime contra a vida do próprio mandante.

Artigo 14º O Amor é partidário da Lei de Causa e Efeito: Ele pode partir em definitivo da Vida daqueles que optam pelo sofrimento diante das adversidades, e também daqueles que se deixam cair em abandono.

Artigo 15º Ao Amor nada deve ser acrescentado e Dele também nada retirado, posto ser o mais perfeito de todos os sentimentos e manifestação absoluta de Deus.

Parágrafo Único: Os Direitos do Amor sempre protegerão os legítimos Direitos de Todos os Seres.

Revoguem-se todas as disposições em contrário.

Desconheço a autoria.

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Corpo interditado


Estava num café esperando por uma amiga. Enquanto o tempo passava, fiquei observando o ambiente. Outra mulher estava sozinha a poucas mesas de distância, também esperando alguém atrasado. O atrasado dela chegou antes da minha. Vi quando ela se levantou para cumprimentá-lo. Deram-se dois beijinhos.

Os dois beijinhos mais vacilantes e constrangedores que podem ocorrer entre um casal. Talvez fosse delírio meu, mas tenho quase certeza de que eram ex-amantes, ex-namorados, ou um ex-marido e uma ex-esposa que haviam terminado a relação poucos dias atrás, no máximo alguns meses atrás.

É uma cena clássica. Depois de anos de amor e intimidade, a relação se desfaz. Os dois juram nunca mais se ver, odeiam-se por algumas semanas, até que um dia surge uma pendência para ser conversada, ou simplesmente resolvem tomar um drinque para provar ao mundo que a amizade prevaleceu, essas cenas aparentemente civilizadas que trazem significados ocultos.

Ou pior: encontram-se sem querer num estacionamento no centro da cidade, num corredor de shopping, num quiosque do mercado público. "Você aqui? Que surpresa!" E os dois beijinhos saem de uma forma tão desengonçada que seria motivo pra rir, não fosse de chorar. Eles não se possuem mais fisicamente.

Interdição do corpo. Um dos troços mais sofridos de um final de relacionamento, que só se vai experimentar depois de um tempo afastados. Uma coisa é você ficar racionalizando sobre o desenlace trancafiada no quarto, ele ficar ruminando sobre as razões do rompimento enquanto trabalha.

Uma coisa é você chorar durante o banho para disfarçar os olhos inchados, ele falar mal de você em bares, fingindo que se livrou da Dona Encrenca. Uma coisa é você consultar uma cartomante a fim de acreditar em dias mais promissores, ele sair com umas lacraias bonitinhas pra provar que te esqueceu.

Outra coisa é quando os dois se encontram, cara a cara, depois de semanas ou meses apenas se imaginando.

Ele está ali na sua frente. Mas você não pode agarrar seus cabelos, não pode passar a mão no seu peito, não pode rir de uma piada interna que só pertence aos dois, porque está oficializado que nada mais pertence aos dois.

Ela está ali na sua frente. Mas você não pode mais dar uma beliscadinha na sua bunda, não pode mais beijá-la na boca, não pode mais dizer uma bobagem em seu ouvido, porque está oficializado que ela agora é apenas uma amiga, e não se toma esse tipo de liberdade com amigas.

Depois de terem vivido, por anos, a proximidade mais libidinosa e abençoada que pode haver entre duas pessoas apaixonadas, vocês agora estão proibidos ao toque. Não se amam mais, é o que ficou decretado. Logo, os códigos de aproximação mudaram.

Você dará dois beijinhos na mulher que tantas vezes viu nua, como se ela fosse uma prima. Você dará dois beijinhos no homem para quem tanto se expôs, como se ele fosse um colega de escritório. Esses dois beijinhos doerão mais do que um soco do Mike Tyson.

O corpo interditado. Você não pode mais tocá-lo, você não pode mais tocá-la. O definitivo sinal de que o fim não era uma ilusão.

Martha Medeiros.

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Historinha de amor pra gente grande


Contam os anjos que me inspiram que um pouquinho antes de materializar o Seu Plano de Criação da vida humana e se derramar no coração de todas as coisas da Terra, o Senhor Deus Todo Poderoso resolveu repassá-lo, ponto a ponto, pela última vez. E, ao terminar o trabalho, sentiu, bastante surpreso, que ainda parecia estar faltando um detalhe, sem nome nem cara, em sua Grandiosa Obra. Algo que não havia sido contemplado por nenhum dos incontáveis milagres com os quais dotaria o homem e o ambiente que preparava para acolhê-lo e suprí-lo em sua jornada evolutiva.

Como um poeta que ao findar um poema é tocado pela vibração de uma palavra que não foi dita, sem conseguir visualizar-lhe as feições, o Senhor Deus intuiu a ausência de uma dádiva no buquê de luzes que ofertaria ao homem para perfumar sua caminhada heróica, que trilharia até tornar-se um Mestre das coisas que não passam e reunir-se a Ele numa só Consciência Criadora.

O Senhor Deus não sabia que doçura era aquela que reclamava sua Amorosa Atenção, mas pressentia que se tratava de algo imprescindível. De alguma graça que deixaria uma lacuna em branco em cada história humana, caso não existisse. De mais um dos presentes que bordaria em cada vida com os fios da delicadeza que utilizaria em tudo o que planejava ser forte. Mas o que poderia ser, Ele se perguntava, além das outras tantas ternuras que já havia previsto bordar?

E o Senhor Deus pensou, pensou, pensou. Relembrou cada detalhe, cada etapa, cada riqueza, pacientemente, com todo o zelo de Seu Coração Criador. Reuniu-se com os Mestres que o assessoravam no Plano. Trocou idéias. Ouviu, atento, as sugestões e observações que surgiram. Mas nada do que pensava e ouvia atendia à Sua Expectativa e se aproximava da resposta que buscava desde que aquela intuição lhe visitara. Que traço, afinal, poderia ainda criar para compor o conjunto das bênçãos que desenharia na Terra? Que beleza era aquela que murmurava em Seu Ouvido sem revelar-Lhe o rosto?

Contam que, como era costumeiro, numa manhã o Senhor Deus Todo Poderoso estava distraído no jardim de Sua Casa, cuidando amorosamente de Suas Plantas, quando um anjo, muito belo, muito jovem, banhado de luz azul, aproximou-se Dele para transmitir-Lhe uma mensagem de um de Seus Arcanjos, Miguel, o Príncipe Celeste que comandava Seu Exército de Luz. E que foi no exato instante em que olhou para aquele anjo que o Senhor Deus descobriu o que ainda faltava em Seu Plano: anjos que o homem pudesse ver, exatamente como Ele podia ver aquele.

O Plano do Senhor Deus previa que seria escolhido para cada pessoa, a partir do momento alquímico de sua concepção, um anjo que iria acompanhá-la em toda a sua trajetória humana, até que devolvesse à Terra a roupa de carne que lhe havia sido emprestada. E, embora se tratasse de um leal companheiro, que iria fortalecê-la, protegê-la e inspirar-lhe, e lhe fosse possível falar com ele e ouví-lo, em seu coração, ela não poderia vê-lo, a não ser que em algum instante experimentasse um amor tão intenso que conseguisse penetrar na frequência luminosa onde os anjos moram.

Para o homem, pensava o Senhor Deus, aquela dádiva não bastaria. Por mais grandiosa que fosse. Por mais serviço que envolvesse. Ele sabia que o ser humano teria dificuldade para lidar com as coisas que chamaria de invisíveis. Que se atrapalharia com tudo o que não pudesse ser tocado com algum dos cinco sentidos que, equivocadamente, acreditaria serem os únicos que possuía.

O homem precisaria também de anjos que fossem visíveis. Feitos da mesma matéria que ele. Com os quais pudesse brincar com os brinquedos humanos. Crescer junto, aprendendo, ensinando, trocando. Que os olhassem nos olhos e o encorajassem ao próximo passo sem uma única palavra. Com os quais pudesse compartilhar os sabores, os sons, as visões, as falas e as texturas das coisas da Terra e sonhar com as coisas do Céu. Que estivessem ao seu lado nos dias de sol e também lhe estendessem a mão para atravessar com ele o tempo em que as noites se fariam tão escuras que ele começaria a duvidar do amanhecer.

Sim, continuava a pensar o Senhor Deus, o homem precisaria de anjos visíveis que tivessem em sua vida a mesma bela tarefa do anjo que não podia ver. Anjos que permanecessem em seu caminho quando tudo parecesse ter ido embora. Que acreditassem nele até quando ele próprio se esquecesse quem era. Que quando o cansaço lhe visitasse e os apelos da sombra o convidassem a desistir, desembainhassem a própria espada para lembrar-lhe de que era um Guerreiro. Que emanassem para ele um bem-querer tão puro que fosse capaz de perfumar até o que ainda lhe doesse. Com os quais pudesse rir e chorar, e, sobretudo, ter a liberdade de ser.

O homem precisaria, sim, de anjos visíveis com sangue nas veias. Que tivessem dor de barriga, mau-humor, contas pra pagar, unha encravada, medo, dente cizo, angústia, raiva, baixo astral, e toda uma séria de chatices humanas que os anjos invisíveis respeitam, mas não experimentam. Com os quais pudesse jogar conversa fora. Torcer por um time. Cantar desafinado. Caminhar na praia. Trocar um abraço. E empanturrar-se de risada e bobó de camarão num domingo grande. Que espelhassem para ele sua porção humana e sua porção divina e lhes fizessem parceria no contínuo exercício de integrá-las durante a viagem. Que pudessem servir de canais para os toques, os puxões de orelha e os carinhos do seu próprio anjo guardião, que, sem fazer ruído algum, trabalharia em sintonia com eles o tempo todo.

E depois de dividir com aquele anjo inspirador as feições de Sua Descoberta, contam que o Senhor Deus Todo Poderoso lhe perguntou o seu nome, pois seria com ele que, em gratidão, chamaria o anjo visível que cada pessoa encontraria na Terra.

E o anjo que inspirou o Senhor Deus, maravilhado com Sua Bondade, revelou-Lhe o seu nome:


- Amigo.

Ana Jácomo.
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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Momentos na vida...


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.

E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.

A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Aprendi...


Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela.

Que quando penso saber de tudo, ainda não aprendi nada.

Que amar significa dar-se por inteiro.

Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.

Que ouvir uma palavra de carinho faz bem a saúde.

Que sonhar é preciso...        

Que se aprende errando...

Que o silêncio é a melhor resposta quando se ouve uma bobagem...

Que trabalhar não significa ganhar dinheiro... 

Que amigos a gente conquista mostrando o que somos...        

Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim... 

Que a maldade pode se esconder atrás de uma linda face... 

Que se deve ser criança a vida toda... 

Que nossa alma é livre...    

Que o que realmente importa é a paz interior... 

Que não importa o tipo de relacionamento que tenha com seus  pais, você sentirá falta deles quando partirem... 

Que saber ganhar a vida não é a mesma coisa que saber vivê-la... 

Aprendi que se você procurar a felicidade, vai se iludir. Mas se focalizar a atenção na família, nos amigos, nas necessidades dos outros, no trabalho, procurando fazer o melhor, a felicidade vai encontrá-lo... 

Aprendi que quando sinto dores, não preciso ser uma dor para outros... 

Aprendi que ainda tenho muito que aprender... 

E, finalmente, aprendi que não se precisa morrer para aprender a viver! 

Desconheço a autoria.

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Claudia Mei
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector
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